O senador Aécio Neves concedeu uma ótima entrevista a Joice Hasselmann, na TVeja. Mostra um misto de firmeza na posição inegável de líder da oposição, com humildade, ao reconhecer que o fenômeno é muito maior do que uma só pessoa. Há, pela primeira vez, uma oposição desperta, ciente de seu papel fundamental no avanço da nossa democracia. Algo que tomou conta do país todo, como reação aos descalabros da gestão petista.
Aécio se mostrou preocupado com o aparelhamento da máquina estatal, principalmente no Supremo Tribunal. Lembrou que a sabatina de ministros nos Estados Unidos pode levar meses, enquanto aqui virou um momento bizarro de elogios ao indicado. O senador tucano pretende inclusive apresentar um projeto de lei para dificultar esse tipo de coisa. Uma oposição acordada jamais teria deixado passar a indicação de um Dias Toffoli para o STF, por exemplo.
Voltou a falar dos escândalos da Petrobras também, sem receio de afirmar que há uma quadrilha montada dentro da estatal. Disse que é fundamental investigar mais a fundo o caso, não apenas na Petrobras, mas em outras empresas públicas. Há claros indícios de que o esquema não se restringiu ao caso da Petrobras. Aécio disse se sentir indignado com tudo isso, como milhões de brasileiros. Perplexidade é a palavra que define seus sentimentos. A institucionalização da corrupção precisa ser combatida. O PT tem apenas um projeto de poder.
O presidente do PSDB está confiante de que teremos pela primeira vez uma oposição vigorosa nos próximos anos, rejuvenescida. Joice fez perguntas diretas, colocando Aécio “contra a parede”. Mas o entrevistado se saiu bem, respondendo sem rodeios. Como no caso de Lula, que o chamou de “playboyzinho” e que estaria tão apavorado porque realmente temia uma vitória de Aécio, pois seu governo colocaria ordem no país e acabaria com essa “pouca vergonha” toda, inclusive com as boquinhas do próprio ex-presidente.
Falou da derrota surpreendente em Minas Gerais e reconheceu, com humildade, que a derrota tem um fator pedagógico importante, mais até do que a vitória. Assumiu a responsabilidade pela derrota, sem jogar a culpa em ombros alheios, como os petistas costumam fazer. Mas tampouco se furtou de constatar que estamos diante de um estelionato eleitoral, e ainda citou o uso criminoso de estatais na campanha do PT. Parece ciente do esforço que será necessário para derrotar o PT.
E é bom que seja assim, pois já ficou claro que sem muito esforço, feito com antecedência, será impossível vencer a máquina estatal colocada a serviço do PT. Outro tucano de peso, Geraldo Alckmin, também aproveitou seu discurso feito na posse para espetar o atual governo, ao dizer que São Paulo tem rejeitado a “ilusão do populismo fácil”. Ao rejeitar o que chamou de “falso dilema”, Alckmin constatou que “não é preciso fraudar a boa fé do povo brasileiro para fazer justiça social”.
Ambos, Aécio e Alckmin, são bons nomes dentro do universo tucano para enfrentar o PT em 2018. É bom que os dois estejam com vontade de representar a oposição insatisfeita, indignada, cansada dessa banalização da corrupção promovida pelo PT. Desde que a disputa interna do PSDB não acabe por enfraquecer a oposição. Aécio teve a sabedoria de se esquivar dessa pergunta sobre a chapa de 2018, reconhecendo que é um privilégio ter mais de uma possibilidade para liderar a campanha contra o petismo.
É importante que as vaidades e ambições individuais fiquem mesmo em segundo plano, pois o Brasil precisa de uma oposição não apenas conectada à realidade, mas unida de verdade em prol de um projeto novo que coloque finalmente no passado essa época vergonhosa de bandidagem, incompetência e mediocridade.
Rodrigo Constantino
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