Desde que Adam Smith se debruçou sobre a causa da riqueza das nações, e assim criou a economia, economistas debatem e estudam as principais ferramentas que permitem o avanço de determinada sociedade. Após muito tempo, experimentos aos montes, boas terias e inúmeros dados, é possível dizer que existe relativo consenso, ao menos sobre as causas principais, e ao menos para os economistas sérios.
Sim, todas elas apontam de certa forma para o liberalismo, não por ideologia, mas por lógica e resultado. São medidas de cunho liberal que explicam o relativo progresso das nações. O economista Fabio Giambiagi, mais ligado à social-democracia do que ao liberalismo, fez um bom resumo em sua coluna de hoje, elencando sete itens fundamentais para o progresso. São eles:
1 — Competição faz diferença. É o afã de superação e o receio de perder o emprego para o vizinho, market share para a concorrente e exportações para outro país que faz os trabalhadores, as empresas e os países, respectivamente, tentarem se aprimorar permanentemente para não cair na zona de conforto;
2 — Investimento exige níveis elevados de poupança doméstica. Um país que cresce com base em poupança externa é como uma empresa com alavancagem excessiva: cedo ou tarde, seu dinamismo decai;
3 — Infraestrutura é chave. Energia para investir; estradas, hidrovias e ferrovias para escoar os produtos; saneamento para dar saúde e dignidade à população etc;
4 — Educação é fundamental. Embora seja verdadeiro que muitos países (Brasil no passado ou China nos últimos 40 anos) cresceram com uma educação precária, não há nenhum país que tenha ultrapassado o que a literatura chama de “armadilha da renda média” (o desafio de deixar de ser um país intermediário e entrar para o “clube” dos desenvolvidos) sem uma educação maciça e de qualidade;
5 — O gasto público tem que ser eficiente. Eliezer Batista já dizia há décadas que “país pobre não pode gastar dinheiro em porcaria”;
6 — É preciso ter equilíbrio macroeconômico. Contas públicas sob controle, inflação baixa e situação de balanço de pagamentos confortável são hoje requisitos sem os quais dificilmente a expansão da economia deixará de ser efêmera;
7 — Instituições contam. No mundo de hoje, a vigência do que os anglo-saxões denominam de “rule of Law”, confiança no sistema judicial, ausência de coerção governamental, regras claras etc. forma parte do meio ambiente ideal para a proliferação de bons negócios e do progresso.
Trata-se, como disse, de um bom resumo, mas eu acrescentaria algumas coisas. Em primeiro lugar, lembraria que ter uma boa infraestrutura não é, de forma alguma, sinônimo de ter o estado cuidando dela. O autor não afirmou isso, mas também não deixou claro que o próprio mercado pode cuidar dessa parte fundamental.
Em segundo lugar, educação é fundamental, mas antes de mais nada é preciso questionar qual educação. Deve ser uma voltada para o mercado, de cunho prático, que ensine a fazer contas, o domínio da língua, que transmita conhecimento objetivo. Uma doutrinação ideológica disfarçada de educação, em que os alunos “aprendem” só baboseira marxista, não serve para nada. Na verdade, serve como obstáculo ao progresso.
Gasto público deve ser eficiente, mas também reduzido. Esse papo de que o tamanho do estado não importa, só sua eficiência, é balela esquerdista. Quanto mais estado, menos recursos para os empreendedores, para os indivíduos, para os que efetivamente produzem riquezas. O estado deve ser sempre mantido num patamar mínimo necessário para suas funções básicas. Não deve ser a “locomotiva do progresso”.
Por fim, faltou mencionar o aspecto cultural. Como quase todo economista, Giambiagi peca pelo foco excessivamente econômico, e deixa de lado o ambiente cultural, as ideias e valores das quais aquele povo compartilha. Isso faz toda a diferença do mundo. Ao lado das boas instituições, a cultura é crucial para o sucesso material de uma sociedade. O livre mercado não sobrevive num vácuo de valores.
Entre os bons economistas, portanto, é relativamente simples identificar o que deve ser feito para termos progresso. Muito mais complicado é decidir como chegar lá. Até porque a maioria foca nesse lado mais institucional, que é realmente uma questão-chave, mas que não faz milagre sozinho, e que também depende, de certa forma, da questão cultural.
Ou seja, fazer essas noções, relativamente básicas para economistas, chegarem ao grosso da população e serem aceitas como verdades é o maior desafio de todos. Até porque vivemos num país em que os economistas que dominam as universidades e imprensa são os piores, os dogmáticos, os marxistas. Enquanto for assim, teremos gente votando em Lula ou Ciro Gomes em busca de um governante salvador da Pátria capaz de promover o progresso por decreto estatal…
Rodrigo Constantino
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