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Por Rubem Novaes, publicado no Instituto Liberal

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1- A vaidade incontrolável dos tucanos de alto coturno, ou pavões.

Eles nunca se apoiam de verdade. Alckmin tem quase 50% dos votos em São Paulo, Serra já tem uma vantagem confortável sobre Suplicy na disputa pelo Senado, mas Aécio está num terceiro lugar longe de Marina e Dilma. O mesmo aconteceu quando Serra e Alckmin precisaram do prestígio de Aécio para desempenhar bem em Minas. Deu PT na cabeça e ficou famosa a dobradinha Dilmasia, folgada na dianteira. Mais recentemente, um novo fenômeno corroborou a tese: Aécio escolheu para seu vice um candidato ligado a Serra, esperançoso de de obter seu apoio entusiasmado. E o que vemos? Marina dá a entender que Serra poderá vir a compor sua equipe de governo e Serra deixa o boato correr esperando dele tirar vantagens eleitorais. É cada um por si e ninguém por todos. FHC parece querer ficar na história como o único do Partido a bater Lula e seu PT. E por duas vezes. Serra e Alckmin, por seu lado nunca defenderam os governos de FHC. Os líderes que se seguiram a FHC muito pouco ou nada fazem uns pelos outros. Parecem estar contentes em ver que os outros também não ganharam nem ganharão o cetro presidencial.

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2- O complexo de rejeição pela esquerda.

Os tucanos não se conformam de terem perdido o voto da esquerda e estão sempre sonhando em reconquistá-lo. Em diversos momentos, como agora, tiveram a chance de engrossar substancialmente suas fileiras com o voto conservador/liberal e não o fizeram. Toda a direita torcia para que Aécio escolhesse para ser seu vice alguém com o perfil de um Ronaldo Caiado, capaz de bater duro nas teses da esquerda. Mas Aécio foi buscar como companhia Aloísio Nunes, um ex militante da esquerda armada, sem qualquer charme e possibilidade de agregar votos. A verdade é que o espaço à esquerda no espectro político já está plenamente ocupado: PT, PSD, PDS, PDT, PSOL, PCO, PSTU etc. se bastam. É no espaço a sua direita que o PSDB pode crescer, mas resiste. O país já mostrou com Carlos Lacerda, Jânio Quadros, Collor e Maluf que, com candidatos assertivos, a direita pode ter força eleitoral capaz de ganhar eleições majoritárias. Mas, o que fazer com o complexo? O que pensarão os professores da USP e os jornalistas ainda simpáticos ao Partido? No way.

Conclusão: O PSDB prefere manter a sua pose de Partido Social Democrata europeu a correr atrás de um voto que seus líderes intelectuais desprezam. Teve, nestas eleições, a grande chance de vencer, considerada a crise econômica e a fraqueza da candidata petista, mas preferiu vestir as luvas de pelica que o caracterizam e contentar-se com os aplausos minguados de um segmento da população que talvez nunca mais lhe permita vôos mais altos.