Por Roberto Rachewsky, publicado pelo Instituto Liberal
A chamada civilização ocidental não é uma construção cultural unânime, uniforme e concêntrica. Pelo contrário, ela é formada por diversos segmentos que, antes de serem coesos e complementares, são antagônicos e mutuamente destrutivos.
Os componentes da cultura chamada de civilização ocidental possuem características impossíveis de formar uma liga estável e duradoura.
Sem aprofundar suas nuances, podemos dividir nossa cultura em duas ou mais vertentes para cada um dos ramos filosóficos, a saber:
Metafisicamente, os Objetivistas, que entendem que o que existe é vêem o universo e o tempo como algo infinito; e, os que acham que o universo foi criado por Deus ou por uma explosão descomunal, sendo limitado no espaço e no tempo.
Epistemologicamente, os seculares, que se guiam pelo uso da razão, e os religiosos, que se guiam pela fé.
Eticamente, os egoístas, que valorizam o autointeresse como uma necessidade existencial, e os altruístas, que valorizam o auto sacrifício como demonstração de nobreza.
Politicamente, os individualistas, defensores dos direitos individuais e do governo limitado a sua proteção; e de outro, os coletivistas, defensores da democracia e do estado com poderes ilimitados.
Esteticamente, os românticos realistas, que vêem a arte como expressão de ideais possíveis, e os surrealistas, abstratos e subjetivistas que entendem que qualquer coisa é arte.
Dessas visões de mundo, dessas formas de buscar conhecimentos, dessas maneiras de eleger valores, dessas experiências para aplica-los no contexto social, dessas escolas para colocar em concreto tantas abstrações, obtivemos resultados tão diferentes, ora civilizados ora bárbaros, em lugares e épocas tão próximas e tão distantes que não pode haver algo em comum a não ser o pluralismo constituído por tão diferentes.
Se isso é a civilização ocidental, é preciso purificá-la. Defendê-la como se fosse superior a qualquer outra é mistificá-la. Não há nada mais importante para purificar algo do que ser radical, separar e resguardando o que é um bem, descartando o que promove o mal.
Não defendo uma civilização ocidental enquanto ela não se resumir ao reconhecimento de que a existência existe, a razão é o meio para a aquisição de conhecimento, que a própria vida é o maior valor que há, que os direitos individuais são inalienáveis, que o governo serve apenas para protegê-los e que não dá para chamar Duchamp de arte, sem ofender Vermeer e Da Vinci.
Inteligência americana pode ter colaborado com governo brasileiro em casos de censura no Brasil
Lula encontra brecha na catástrofe gaúcha e mira nas eleições de 2026
Barroso adota “política do pensamento” e reclama de liberdade de expressão na internet
Paulo Pimenta: O Salvador Apolítico das Enchentes no RS
Deixe sua opinião