Arnaldo Jabor tem feito boas análises da ala “intelectual” da esquerda caviar. O esquerdismo, para essa turma enfurnada na Academia e com os aplausos de artistas engajados, continua sendo como um ópio, um entorpecente capaz de “explicar o mundo” de forma simplista e os colocando na vanguarda contra “reacionários” e “egoístas”. É uma extrema necessidade de crer nas velhas ilusões para não encarar a dura realidade.
Claro, há os que são movidos apenas por “pixulecos”, e esses dispensam explicações mais psicológicas: são canalhas mesmo. Mas existem, sim, os reféns da ideologia, aqueles que realmente ainda acreditam no socialismo e enxergam “golpistas fascistas” em quem critica a roubalheira petista. Em sua coluna de hoje, Jabor dissecou a turma:
Não conseguem fazer uma reles autocrítica de suas crenças. Mudar de ideia é considerado traição. É uma visão paranoica de que o país está tomado por “fascistas” que querem tirar o PT do poder. Eu por exemplo não sou fascista (dirão meu inimigos: reacionário neoliberal), mas quero ver o lulopetismo fora do poder. Eles estão desmanchando tudo que era sólido em nome de uma fé paralítica. Se negam a ver que a corrupção virou um sistema politico. Não só roubaram bilhões em conluio com aliados ladrões, como também roubaram nossos mais generosos sentimentos. A crise destrói o país e muda nossas mentes e corações. Cada um leva consigo uma forma de melancolia. É a grande neurose nacional do “que fazer?”
[…]
Alguns intelectuais ficam “angustiadinhos”: “Ah… eu tinha um sonho… que se esfumou…” — choram os militantes imaginários, e nada fazem. A covardia intelectual é grande. Há o medo de ser chamado de reacionário ou careta. Continuam ativos os três tipos exemplares de “radicais”: os radicais de cervejaria, os radicais de enfermaria e os radicais de estrebaria. Os frívolos, os burros e os loucos. Uns bebem e falam em revolução; outros zurram e os terceiros alucinam.
Acham que a complexidade é um complô contra eles, acham a circularidade inevitável da vida uma armação do neoliberalismo internacional. Para eles, “administrar” é visto como ato menor, até meio reacionário, pois administrar é manter, preservar — coisa de capitalistas.
De suas universidades cada vez mais decadentes, nos departamentos de Humanas abandonados aos preguiçosos e vagabundos, esses “intelectuais” continuam vendo a palavra “esquerda” como um ópio, e se julgam os detentores da Verdade revelada, contra todos aqueles que se amesquinham ao viver a realidade. Se o mundo não se curva diante de suas teses de mestrado, pior para o mundo.
Jabor conclui que um “choque de capitalismo” seria a única saída para o Brasil hoje, para desarmar a bomba do estado inchado, gastador e ineficiente. Mário Covas, um social-democrata com viés de esquerda, dizia o mesmo. Mas esses “intelectuais” acham que qualquer concessão é traição, e ainda clamam pelo velho socialismo mesmo.
Somente quando essas ilusões forem realmente enterradas teremos alguma chance de progresso. Afinal, esses “intelectuais” ainda são influentes, possuem alunos, leitores, alguns usam a fama artística para defender toda a podridão do governo. É impressionante acompanhar a incapacidade dessa gente de acordar para a realidade, mesmo quando não se trata de “pixulecos” convincentes do outro lado…
Rodrigo Constantino
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