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Os pecadores do PT vão nos salvar? Ou: O impeachment será feito nas ruas!
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O PT tenta a todo custo – e com o auxílio da imprensa chapa-branca e dos vendidos de sempre, além dos idiotas úteis – criar a narrativa de que o impeachment seria uma simples vingança do chantagista Eduardo Cunha contra a “imaculada” presidente Dilma.

É sério que eles insistem nessa piada de mau gosto! Mas claro que a realidade, como de praxe, é o oposto do que diz o PT. O impeachment será uma conquista das ruas, do povo brasileiro.

Para começo de conversa, ele veio da pressão popular, não das articulações de Cunha, como Kim Kataguiri, do Movimento Brasil Livre, explica em artigo publicado hoje na Folha:

Segundo a narrativa do adesismo, o impeachment é uma mera investida revanchista de Eduardo Cunha, que não conseguiu o apoio do PT para se salvar no Conselho de Ética da Câmara.

Os que defendem tal argumento parecem esquecer que, até pouco tempo atrás, Cunha era aliado do governo, e inclusive já fez campanha para Dilma. Ignoram o fato de que, mesmo após a manifestação do dia 15 de março, a oposição ainda chamava o impeachment de “golpe” e Dilma, de “presidente honrada”.

[…]

Depois de três gigantescas manifestações, uma caminhada simbólica de São Paulo até Brasília e um acampamento que permaneceu por mais de um mês em frente ao Congresso Nacional, o impeachment tornou-se pauta para a classe política. Não havia mais como ignorá-lo. O barulho do Brasil perfurara a bolha que isola Brasília.

Ainda assim, o discurso da imprensa não era o de que a população brasileira havia, pela primeira vez em muito tempo, pautado o debate do Congresso. Construíram uma narrativa na qual a legitimidade de qualquer pedido de impeachment provinha de quem ocupa a presidência da Câmara.

Como diz o jovem Kim, Cunha é apenas o presidente da Câmara, ou seja, aquele que tem de acatar ou não o pedido por conta do cargo que ocupa. E infelizmente é Cunha quem ocupa tal cargo! Os petistas fingem esquecer que Cunha era, até “ontem”, aliado do governo, parte do governo! O “Capeta” descrito pelos petistas era um amigo até bem pouco tempo atrás. Isso eles preferem esquecer…

“O fator decisivo é a opinião pública. As ruas. Assim como as ruas fizeram o impeachment ser pauta em Brasília, farão agora com que ele se concretize. E não há nada que Cunha ou Dilma possam fazer sobre isso”, conclui Kim. De acordo com essa opinião está também o professor de economia Rogério Werneck, que escreveu em sua coluna do GLOBO hoje:

Com o Congresso conflagrado e a presidente fixada na salvação de seu mandato, a condução da política econômica deve se tornar ainda mais problemática do que vem sendo. E, à medida que o desconforto social com os efeitos do prolongamento da crise econômica se agrave nos próximos meses, a coalizão favorável ao impeachment pode se tornar irresistível.

Mais cedo ou mais tarde, o desfecho do processo de impeachment acabará ditado pela sensibilidade do Congresso à posição do eleitorado sobre a questão. Mas o Planalto sabe que, na disputa pela opinião pública, enfrentará grandes dificuldades. E nisso, tem toda razão. O que a presidente tem a mostrar, ao final de cinco anos de governo?

Eu respondo: nada de positivo, apenas uma terra desolada, uma inflação acima de 10% ao ano, uma taxa de juros absurdamente alta e aumentando, um desemprego que já chega a 10% e vai subir mais, uma atividade econômica que despenca mais de 3%, e os maiores escândalos de corrupção da história.

Mas a seita petista não reconhece nada disso, não assume erros, pecados, nada, pois precisa manter a aura de “bastiões da ética”, por mais ridícula que seja essa imagem hoje. Reinaldo Azevedo fala disso em sua coluna de hoje na Folha:

Os petistas cometem um erro fatal quando vociferam a sua inocência e acusam o complô dos adversários, ignorando todas as óbvias violações do solo sagrado que seus sacerdotes promoveram. No PT, não há espaço para arrependimento. Não há pecado. E, portanto, não pode haver expiação e perdão.

Viveremos, sem dúvida, dias interessantes. O que está se desconstituindo –para o bem do país, acho eu– não é apenas um partido político, mas a crença de que um grupo de pessoas detém o monopólio da justiça, da virtude e das boas intenções. Também a reputação de Lula, o mensageiro da Palavra, se esfarela numa velocidade com a qual não contavam nem seus adversários mais ferozes.

[…]

Chega a ser impressionante que o PT não se dê conta de que aquela gesta que lhe deu corpo, a luta dos bons contra os maus, já não encontra mais eco na realidade. […] Melhor que assim seja! Já estava na hora de o Brasil ter, de novo, um governo laico. À sua maneira, os pecadores do PT nos salvaram.

Amém! Que assim seja: os pecadores petistas, vestidos de cordeirinhos, acabaram expondo a todos com olhos para enxergar qual a verdadeira natureza da seita. E isso é positivo para o Brasil. Muito. Mas antes, um passo importante: o impeachment de Dilma. E isso depende das ruas, da pressão popular. “Hereges”, às ruas!

Rodrigo Constantino

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