Ostento no meu blog, há anos, o slogan “um liberal sem medo da patrulha do politicamente correto”. Falo de diversos temas, mas sem dúvida a asfixia do pensamento livre e do debate civilizado de ideias, por conta da intolerância dos que se dizem tolerantes, são assuntos que aparecem quase diariamente por aqui. Não é para menos: vejo essa postura “progressista” como uma das maiores pragas da era moderna.
E claro, não estou sozinho. O próprio sucesso do canal mostra isso. E o fenômeno é mundial. O sucesso meteórico de um Jordan Peterson, por exemplo, mostra que há enorme demanda reprimida por quem fale certas verdades, doa a quem doer. Um liberal clássico que entrevista gente da esquerda e da direita, como Dave Rubin, ser rotulado de “extrema-direita” por tantos detratores expõe o grau de absurdo em que a coisa chegou.
Repetir, hoje, que homens e mulheres são essencialmente diferentes, que só existem dois gêneros, que a liberdade de expressão está ameaçada pelos “progressistas”, que a mídia mainstream tem claro viés de esquerda, que as universidades foram tomadas pela hegemonia socialista, que a política de identidades tem destruído a sociedade, enfim, repetir coisas tão evidentes assim é sinal de “loucura” em certos meios. Você será o bicho estranho na festa.
Uma longa reportagem de Bari Weiss no esquerdista NYT demonstra bem isso. Com fotos interessantes de Damon Winter, a sensação que fica é que o jornal esquerdista está apresentando ao seu público figuras bizarras, exóticas, quase como animais raros em extinção num “zoológico” humano. “Conheça essas espécies estranhas”, parecem dizer as imagens – e as palavras. E, para os leitores típicos do NYT, são bichos estranhos mesmo!
Até vemos o esforço do jornalista em enxergar o outro lado, e só o fato de ir jantar com esses personagens, entrevista-los de forma aberta, e concluir que seu público deveria estar atento ao que pensam e falam é algo meritório. Mas a necessidade de uma matéria dessas já comprova o abismo que se abriu entre povo e bolha “progressista”.
Afinal, esses formadores de opinião, como Peterson e Rubin, possuem milhões de seguidores, dizem coisas bem razoáveis e até óbvias, mas são tratados como figuras de um universo sombrio, com destaque nas profundezas das redes sociais. Eles dizem coisas que, há poucas décadas, eram tidas como naturais, não como os tabus assustadores de hoje.
Esses pensadores são retratados como “iconoclastas”, e isso só porque ousam desafiar as igrejinhas pós-modernas, enfrentar a Inquisição “progressista”, combater a ditadura do politicamente correto. São os “renegados” da mídia, ignorados pelo establishment, o mesmo que foi dominado por radicais de esquerda.
No Brasil, claro, temos fenômeno análogo, e podemos ver o espaço enorme que um partido extremista como o PSOL consegue nas redações de jornais e nos programas de televisão. O “estranho” nesse meio é quem defende o legado cristão, a família tradicional e a distinção fundamental entre os sexos.
Se o indivíduo não rezar completamente a cartilha da seita “progressista”, vira logo um “reacionário”, alguém da “extrema-direita”. Mas o público, cada vez mais, percebe a tática pérfida dos intolerantes mascarados de “liberais”, e reage, graças às redes sociais. E o abismo se abre um pouco mais: sucesso de audiência do lado dos “exóticos”, e queda de assinantes e público da grande imprensa. Resta culpar as “Fake News”, e escrever uma reportagem sobre os bichos estranhos que habitam o “universo escuro” da internet…
Rodrigo Constantino
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