A empresária Luiza Trajano esbanjou otimismo na entrevista ao Manhattan Conection, e virou uma excelente garota-propaganda do governo nas redes sociais. A esquerda ficou em polvorosa porque a representante do setor de varejo “vendeu” bem o suposto sucesso de nossa economia.
Há só um pequeno detalhe: seus sócios minoritários não compartilham com tal otimismo. Os acionistas de sua empresa, Magazine Luiza, andam um tanto desapontados com as perspectivas da companhia. O melhor indicador disso, naturalmente, é o preço das ações negociadas na Bolsa:
Como podemos ver, as ações da rede de varejo patinam, mas não decolam. Valem hoje aproximadamente a metade do que valiam em 2011, primeiro ano de governo da presidente Dilma. Se o cenário econômico é tão positivo, se o setor de varejo tem tanto potencial, se não há os riscos evidentes apontados por Diogo Mainardi no programa, então por que as ações da empresa sofrem tanto?
Claro, os milhares de investidores, do Brasil e do mundo, podem errar. Por isso os preços de ações oscilam tanto, pois dependem do julgamento e da análise de muita gente em um ambiente de incerteza. Ninguém conhece o futuro.
Dito isso, parece evidente que poucos concordariam com o otimismo demonstrado pela empresária na entrevista. Mesmo com linha de crédito com o BNDES para investimento (que a empresária reclama por não ser maior) e com o Banco do Brasil e a Caixa para capital de giro.
Mesmo com programas estatais assistencialistas que dão subsídios na compra de móveis e utensílios vendidos coincidentemente pelas lojas da empresária. Mesmo com várias acusações de que a empresa pratica “dumping social” e tenta reduzir custos eliminando direitos trabalhistas (que são absurdos no Brasil, de fato).
Ou seja, apesar de o governo tentar dar aquela mãozinha camarada, o fato duro da realidade é que os investidores estão preocupados, e com razão. O cenário econômico é ruim, a incompetência do governo é gritante, o viés ideológico é assustador, e nada indica que haverá mudanças, mesmo com a ida de Dilma a Davos, para inglês ver.
Seria mais prudente a empresária controlar seu otimismo todo, mesmo na posição de “vendedora” do “case” Brasil e indiretamente de seu próprio negócio. Uma rápida olhada no mercado de capitais é suficiente para pintar um quadro diametralmente oposto. O copo não está meio cheio, pois não está meio vazio também. Está bem mais vazio do que isso…