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Hoje, os brasileiros acordaram em festa em razão da aprovação na Câmara dos Deputados da continuação do processo de impedimento da presidente Dilma. Tudo indica que uma manifestação do Senado será a bala de prata que faltava para colocar um fim definitivo ao zumbi que se tornou o governo petista.
Todavia, assistindo a tragicômica votação que tornou pública e notória a falta de qualidade geral de nossos parlamentares. O tempo exíguo para as falas favorece, contudo não chega a justificar tão triste estado.
O Rio de Janeiro, em especial, bateu todos os recordes de vergonha alheia. Citar Lamarca, Marighella, Ustra e o Regime de 64 demonstra que uma classe de nossos políticos ainda não superou a vontade de golpear a Democracia, seja pelo autoritarismo revolucionário ou pelo autoritarismo reacionário.
Os valores da tradição ocidental, da liberdade e do espírito republicano não comportam qualquer destas manifestações. Isto não é política! São terríveis “frames” políticos para causar arrepios e assombrar a nós, brasileiros, e massacrar, ainda mais, o já combalido Brasil.
Ao menos as invocações a Deus e a família, por crença, hipocrisia ou retórica, serviram para rememorar que o Brasil tem uma raiz cultural bem definida e uma clara identidade de comunidade. Estamos de modo cambaleante, desastrado e trôpego relembrando que somos uma nação cristã e, enquanto tal, temos um compromisso com imperfectibilidade humana e com o ceticismo político.
Como já era de se imaginar, Dilma perdeu, mas a vitória que nos fará livres, individualmente, dos cárceres criados pelos coletivismos de Vargas, Geisel, Médici, Lula, Dilma e suas religiões políticas, ainda precisará de muito trabalho intelectual, realismo político e restauração cultural.
Quero acrescentar, ainda, um outro discurso tão nocivo quanto os primeiros, altamente autoritário e que passou despercebido frente a comédia pastelão, a tragédia, cusparadas que envergonharam o Estado Democrático de Direito. O argumento das novas eleições é o suprassumo do golpismo e, honestamente, não estou vendo ninguém aludindo o disparate que isto representa.
É indubitável que cabem novas eleições no caso da ocorrência da cassação da chapa Dilma-Temer. A condenação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por confirmação do uso de dinheiro proveniente da apropriação criminosa do dinheiro dos pagadores de impostos para fim de financiamento da campanha presidencial é ilícito gravíssimo e seria o único meio constitucional a justificar novas eleições esteja o Temer fazendo um bom ou mau governo. Entretanto, a sugestão genérica de antecipação de eleição não tem qualquer previsão constitucional e é amplamente questionável. Não somos parlamentaristas e nem temos uma previsão de Recall – o poder de cassar e revogar o mandato de qualquer representante político, pelo eleitorado. É extremamente temerário colocar em teste a validade da ordem constitucional, assume-se um risco em nome de uma remota possibilidade de melhora da representação ou um resgate da legitimidade.
Portanto, precisamos ser Homens e Mulheres de coragem, convicções e fibra para nos afastar de purismo infanto-juvenis e ousar subir nos ombros de gigantes com o a finalidade de ver além de objetivos de ocasião. O dia de ontem serviu, ao menos, para nos orientar para a necessidade que a deposição política se faz a partir da maior limitação ao poder dos políticos.
Ainda haverá uma longa noite antes do alvorecer.