Em dezembro de 2002, Pedro bateu com sua BMW e entrou em coma no Sírio-Libanês, do qual só saiu esta semana. Como ele era membro da UNE, quis logo saber com o médico sobre os principais acontecimentos políticos desse longo período de sua ausência. Como foi, afinal, o primeiro governo realmente de esquerda no país? A pobreza havia acabado? Ele lembrava da euforia de seus colegas socialistas, e estava muito ansioso.
Com aquele tato peculiar dos médicos, e ainda por cima alemão, o dr. Fritz passou a relatar de forma bem direta tudo que vinha à mente. Começou assim: “O Brasil tem hoje 12 milhões de desempregados. Parece que o PT não foi muito eficiente no combate à miséria”. Pedro levou um choque, mas quis entender melhor o que tinha acontecido para que se chegasse a esse ponto. Alguma coisa as elites tinham de ter aprontado. dr. Fritz, então, explicou ponto a ponto. Falou do mensalão e do petrolão, lembrando que nunca antes na história deste país se viu tanta corrupção. Disse que Marcelo Odebrecht estava preso havia mais de ano e sua empresa havia fechado acordo com multa de quase R$ 7 bilhões. A roubalheira tomara proporções inimagináveis durante a gestão petista.
Além disso, contou que Dilma Rousseff fora eleita. Pedro riu, achando graça da piada. Mas era sério: Lula resolvera colocar seu “poste” no poder, e o povo engoliu! Estava empolgado demais com a bonança, fruto dos ventos externos. A “presidenta” – era assim que exigia ser chamada – não conseguia fazer uma frase com começo, meio e fim em sequência lógica, e ainda queria estocar vento.
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Rodrigo Constantino
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