Em sua coluna de hoje, Ascânio Seleme imagina como seria uma catástrofe na usina nuclear em Angra. Tive o mesmo pensamento após Brumadinho. É tanta incompetência, gambiarra, impunidade e esculhambação, que não podemos ter usinas nucleares: seria perigoso demais! Estamos mais para Chernobyl na Ucrânia comunista do que para a França, que tem algo como 80% de sua matriz energética nuclear. E olha que mesmo a França, não sei não…
Ascânio, após descrever o possível desencadeamento de fatos sombrios com a explosão da usina, conclui: “O fato é que, diante da insegurança de todos os mecanismos de controle e fiscalização brasileiros, uma bomba dessa pode muito bem explodir de uma hora para outra. O Brasil é vergonhosamente frágil. Tragédias como as de Mariana e Brumadinho, como a do edifício Wilton Paes de Almeida, em São Paulo, ou do Ninho do Urubu, no Rio, são claros exemplos de descuido, descaso e desrespeito. O Brasil precisa superar essa incompetência nacional com a urgência da faísca que é capaz de detonar uma tragédia de proporções atômicas”.
Em seu editorial de hoje, O GLOBO também comentou sobre essa mentalidade do “e daí”, que vive de certa forma permitindo um grau de leniência e negligência assustador. Diz o jornal:
O roteiro é conhecido. Uma grande tragédia, famílias destruídas, comoção nacional e promessas oficiais de que ela não se repetirá. Em seguida, são anunciados projetos para endurecer a lei e normas para melhorar a fiscalização. Mas os capítulos seguintes costumam ser parecidos. O tempo passa, pouco ou nada acontece, até que surge nova catástrofe. Tem sido assim nos incontáveis desastres que abalaram o país nos últimos anos, como o rompimento das barragens do Fundão, em Mariana, que deixou 19 mortos em 2015, e da Mina do Feijão, em Brumadinho, no dia 25 de janeiro, em que já se contabilizam 166 mortos e 155 desaparecidos. Pergunta-se: quantas mais serão necessárias para que se interrompa essa sequência nefasta?