O brasileiro ama o estado, mas odeia os políticos. Por que esse paradoxo? Por que colocamos os políticos na rabeira do ranking de credibilidade, e mesmo assim demandamos sempre mais estado para solucionar nossos problemas, muitos deles criados justamente pelo excesso de intervenção estatal? Responder tal questão é o desafio que Bruno Garschagen abraça – com sucesso – nesse livro de estreia na editora Record.
O livro passa como se fosse um rápido (e triste) filme de nossa história política, desde a chegada de D. João até Dilma, “comprovando que nada é tão ruim que não possa piorar”. As entranhas de nosso patrimonialismo – a arte de confundir público e privado – são expostas com maestria e boas pitadas de humor pelo autor, que não esconde sua decepção com nossa “democracia republicana” e sua predileção pela monarquia constitucional.
O leitor encontrará diversas biografias pequenas, porém precisas, dos principais atores da ópera bufa do estatismo nacional. A influência maçônica francesa, o pombalismo, o positivismo, o varguismo, o marxismo, o coronelismo e tantos outros nefastos “ismos” são abordados com incrível poder de síntese. A cada novo fracasso estatal, lá estava uma nova empreitada rumo ao intervencionismo, com uma insistência asinina.
Após destrinchar a árvore genealógica de nossa paixão irracional pelo estado, o autor conclui que é preciso mudar tanto as instituições como a mentalidade do povo, a cultura brasileira. E convoca o leitor a participar da mudança de nosso destino: “Se continuarmos a querer que o Estado intervenha em várias esferas da vida em sociedade, sempre haverá políticos ávidos por satisfazer nosso desejo”. Cada um precisa fazer sua parte. Garschagen fez a sua, escrevendo esse ótimo livro. Agora cabe ao leitor fazer sua parte: ler o livro e depois recomendá-lo aos amigos – e inimigos também.
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Segue o convite para o lançamento, que será hoje no Rio de Janeiro:
Rodrigo Constantino
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