Escrevi na coluna da semana passada que, apesar do momento cada vez mais propício, ainda há um vácuo à direita na política brasileira, dominada por esquerdistas radicais e moderados. As ideias liberais e conservadoras ganham força, mas falta quem as defenda de forma mais organizada e partidária. O DEM tem um ou outro político mais liberal ou conservador, mas basta lembrar da mudança de nome do então PFL para ver como o partido sente ojeriza do liberalismo clássico. Já o PSDB está bem longe da direita.
Só na cabeça de quem nada entende de ideologia política o PSDB seria um partido de direita, e não de centro-esquerda, defensor da socialdemocracia que é. E para não deixar dúvidas, o vice-presidente nacional do partido, Alberto Goldman, disse essa semana que João Doria “não tem o perfil da história política do PSDB”. Não tem mesmo. E justamente por isso ele tem se saído tão bem! Doria representa uma lufada de ar renovador no partido, com perfil mais agressivo e dinâmico, sem medo de rebater os ataques chulos dos petistas ou mesmo de espetar com vontade Lula. Também defende sem timidez as privatizações.
Para Goldman, seria melhor os tucanos colocarem um senhorzinho mais “moderado”, ou seja, com postura acovardada e “em cima do muro”, para que a esquerda radical possa vencer uma vez mais. Tem tucano que não cansa de apanhar dos radicais de esquerda. Mas Doria, que vem despertando tanta aprovação por essa sua postura arrojada, teve de sair publicamente em defesa da candidatura de Geraldo Alckmin, pois seu próprio partido começou a cortar suas asas preocupado com sua ascensão. Quem nasce para lagartixa nunca chega a jacaré, e o PSDB nasceu para ser uma espécie de PT com perfume francês, mais moderado e com algum bom senso na economia.
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Rodrigo Constantino
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