O companheiro de Marieta Severo, ex-mulher de Chico Buarque, tem sido uma das vozes ativas na luta pelo Minc e contra o governo Temer. Ele tem cargo na TV Brasil, mais conhecida como “TV traço”, pela audiência nula. Em artigo recente na Folha, acusou Temer de “golpista”. Em linguagem popular de rede social, trata-se basicamente de um petralha. Pois bem: o artista de esquerda resolveu escrever um texto publicado no GLOBO, ali onde estaria a minha coluna hoje, justificando as verbas estatais para sua classe. Vamos rebater os pontos levantados por ele:
1 — Artistas trabalham muito;
Sem dúvida muitos trabalham bastante, outros nem tanto. Sem coletivismo, por favor. Essa coisa de “coletivo” é baboseira de esquerda, de quem só enxerga abstrações, nunca indivíduos de carne e osso. Não existe algo como “os artistas”; apenas vários artistas com perfis muito distintos.
2 — uma peça de teatro exige meses de ensaios diários de oito horas, além de horas extras de estudo e preparação, e se trabalha também aos sábados e domingos;
Várias outras profissões exigem tanto ou mais esforço e dedicação. Nada especial aqui.
3 — bailarinos, por exemplo, têm um trabalho árduo, que exige horas diárias de exercícios, ensaios, cuidados redobrados com o corpo;
Idem. Eu também trabalho muito duro, fim de semana, escrevendo, gravando vídeos e podcasts, denunciando as mamatas da esquerda caviar. Mas não ganho um só centavo do governo. Ao contrário: pago pesados impostos para sustentar quem ganha.
4 — um pianista trabalha muitas horas por dia com seu instrumento de trabalho, o piano;
Um estivador trabalha muitas horas por dia com seu instrumento de trabalho, os braços. Eu trabalho muitas horas por dia com meu computador. E daí?
5 — artistas de cinema filmam 12 horas por dia, em jornadas noturnas e jornadas diurnas, com apenas um dia de folga por semana;
Já está ficando repetitivo isso. Qual o ponto?
6 — artistas não vivem da Lei Rouanet, vivem dos quadros que pintam, da música que compõem ou tocam, dos livros que escrevem, das peças de teatro que representam, dos filmes que fazem etc.;
Opa! Era esse o ponto. E é falso. Novamente coletivista. Alguns artistas vivem do seu trabalho, julgado pelo soberano dos soberanos, ele, o grande público. São justamente os que não dependem das verbas estatais. Outros, uma patota, uma minoria organizada, vivem da Lei Rouanet sim. Por isso, inclusive, fazem tanto barulho diante do risco de perder as tetas do estado.
7 — artistas pagam impostos, como todos os brasileiros;
Todos “pagam” impostos. O que importa saber é quem consome mais do que paga. Servidores públicos, em geral, vivem de impostos, e muitos acabam pregando mais estado, mais impostos, mais privilégios para o setor público. Há vários artistas que recebem mais do que pagam impostos.
8 — a Lei Rouanet, que não foi criada pelo maldito PT, é um instrumento de captação de patrocínios privados para que sejam possíveis produções de filmes, peças de teatro, espetáculos de dança etc.;
Sim, é um benefício fiscal para empresas que patrocinam “cultura”, e essa isenção representa R$ 2 bilhões a menos nos cofres públicos, que serão compensados com impostos sobre os outros.
9 — na Lei Rouanet, o governo apenas autoriza uma empresa a captar patrocínios;
Sim, e esse “apenas” significa o poder absoluto entre quem pode e quem não pode gozar do privilégio. Por isso a canetada do burocrata do governo vale ouro.
10 — de posse da autorização, a empresa produtora trata de buscar patrocinadores para seu projeto junto à iniciativa privada;
Depois que conseguiu a sonhada e demandada autorização, tudo fica mais fácil. O lance é quem consegue tal benefício. Do mesmo jeito que quem consegue o subsídio do BNDES está feito, com mais do que meio caminho andado, graças ao empurrão do governo.
11 — a Lei Rouanet é uma lei de incentivo fiscal, exatamente nos moldes das que existem em muito maior escala para outros setores produtivos;
Outros setores também contam com privilégios estatais que caracterizam o “capitalismo de compadres” tão adorado pela esquerda influente, pela elite da esquerda caviar. Como disse, o caso do BNDES é similar.
12 — o custo de um filme, que envolve equipamentos, estúdios etc., quase obrigatoriamente depende de patrocínios privados através da Lei Rouanet;
Estranho, a Índia faz muito mais filmes sem isso, e nem vou falar de Hollywood, não é mesmo?
13 — a Globo Filmes usa a Lei Rouanet para produzir filmes;
E daí?
14 — museus, centros e institutos culturais de grandes empresas também usam a Lei Rouanet;
Assim como MC Guiné, Tati Quebra-Barraco e outros funkeiros, sem falar de “instalações” esdrúxulas e “performances” indecentes.
15 — a maioria das peças de teatro é produzida sem apoio da Lei Rouanet, em regime de cooperativa;
Esses com certeza não estão gritando e ocupando teatros para chorar pelo risco da perda de boquinhas.
16 — é impossível compreender que conta é essa que fazem os difamadores quando dizem que um artista de teatro captou tantos mil reais: um artista em geral não capta ele próprio nenhum centavo; dos tantos mil reais que a empresa que o contratou captou, só recebe a parte relativa ao cachê por seu trabalho; desses tantos mil reais captados, a empresa paga a atrizes, atores, iluminador, cenógrafo, figurinista, diretor musical, assistentes, operadores de som e luz, diretor de palco, camareira, costureiras, cenotécnicos, madeira, tecidos, outros materiais, gráfica, equipe de divulgação (assessor de imprensa, fotógrafo, programador visual) etc. e paga anúncios em jornais e revistas, que em geral custam mais do que os salários dos atores;
Estranho, não são os iluminadores e os figurinistas que ocupam prédios, escrevem textos para jornais e tudo mais, são os artistas famosos, a elite da classe. “Algo” me diz que o grosso da grana captada vai para seus cachês. É que essa turma “abnegada” é a mais gananciosa de todas, mais do que qualquer banqueiro. Vide os cachês milionários e as coberturas em que vivem, ou seus apartamentos em Nova York e Paris.
17 — a análise técnica de projetos da Lei Rouanet é só uma pequena parte do trabalho do Ministério da Cultura;
Essa “pequena” parte faz toda a diferença do mundo. Tanto que brigam como se fosse entre a vida e a morte para ver quem estará no controle disso.
18 — o orçamento do Ministério da Cultura é de 0,38% do Orçamento federal;
Quantos hospitais poderiam ser construídos com essa “micharia”? Quantas escolas poderiam ser feitas com essa “bagatela”?
19 — o Ministério da Cultura não é responsável pela diminuição de sequer um centavo do orçamento do Ministério da Saúde;
Você pode entender alguma coisa de teatro, mas não entende nada de economia. Dinheiro não tem carimbo. O governo arrecada x, e gasta y, que é muito mais, inclusive. O que importa é o destino do montante todo. Se há gasto com ministério da pesca ou da cultura, claro que há menos recursos para outras áreas. Recursos, caso seu professor marxista não tenha lhe contado, são escassos.
20 — a cultura é mais um meio de preservar e melhorar a saúde do povo, de denunciar os problemas de saúde pública, de contribuir para o desenvolvimento intelectual dos profissionais da saúde;
Ou mais um meio de fazer proselitismo para governo bandido, propaganda partidária e ideológica, campanha para governos safados e corruptos, não é mesmo? Pergunte à sua companheira e ao ex-marido dela. Eles sabem! Você, aliás, também…
21 — o Ministério da Cultura trata do Plano Nacional de Cultura e de dezenas de programas mais que mapeiam, apoiam, difundem as formas de expressão artística, os costumes, as manifestações culturais diversas que fazem o diverso continente Brasil ser um único e rico país: o Brasil;
Não sei em qual Brasil você vive, mas aquele em que eu vivia não era rico, e sim muito pobre, com muita violência, com muita favela sem saneamento, com muita gente morrendo em fila de hospitais públicos. E também pobre de cultura, pois chama de arte gente analisando o rabo alheio ou funk com letras de baixo calão. Se isso é riqueza… Talvez esteja confundindo o Brasil com a cobertura do Chico no Leblon ou com seu campo particular no Recreio, para peladas entre amigos.
22 — Está claro agora?
Não poderia estar mais claro! Artistas engajados só querem saber de enganar os trouxas e preservar tetas estatais. Os sérios, que vivem do mercado, do público, não ligam para o fim do Minc ou da Lei Rouanet. Preferem um país com economia mais sólida para obter bons cachês do pagamento voluntário de seus consumidores.
PS: Como o Brasil não virou uma Venezuela, frustrando o sonho de muitos artistas ligados ao PT, continuo com liberdade para expressar minhas ideias, o que faço num blog independente, pois certos veículos não aguentam a pressão da sua classe artística poderosa. Graças a isso, milhares de leitores terão acesso ao contraditório, e poderão julgar por conta própria quem está com a razão. Sou o “trovão da direita” por ser o desespero da esquerda caviar. Posso estar afastado do jornal, mas deve ser terrível pensar que, mesmo assim, esse texto aqui terá mais leitores do que o seu, chapa-branca. Quem está em sintonia com o público não precisa de ajuda estatal…
Rodrigo Constantino