O Brasil tem um grande paradoxo a ser explicado: nosso povo desconfia dos políticos, classe que goza de baixíssima credibilidade, mas ao mesmo tempo ama o Estado, visto como abstração. Todas as soluções propostas para as mazelas criadas pelo intervencionismo estatal acabam envolvendo ainda mais Estado. É como se ele fosse formado por anjos celestiais, nunca pelos próprios políticos de carne e osso, tão rejeitados pela população.
A fim de tentar explicar esse enigma, Bruno Garschagen lança pela Record o livro “Pare de acreditar no governo”, cuja orelha tive a honra de escrever. O autor vai buscar na formação de nossa nação as origens do problema, em uma abordagem que dá grande peso ao aspecto cultural da coisa. Com um estilo próprio e repleto de ironia fina, Garschagen analisa essa insistente adoração do Estado pelo povo brasileiro em diferentes épocas, uma adoração inabalável, apesar de revoltas crescentes com os políticos que controlam o aparato estatal.
“O livro começa com D. Manuel I e termina com Dilma Rousseff, comprovando que nada é tão ruim que não possa piorar”, fulmina o autor. E claro, lá está a marca registrada de nossa mentalidade já na primeira carta enviada após nosso descobrimento: “O pedido de Caminha, o verdadeiro motivo para a elaboração da carta na qual a narrativa do descobrimento foi um mero pretexto, inaugurou a nossa excêntrica característica cultural de pedir favores ao governo para conseguir cargos e privilégios, especialmente em se tratando de parentes”.
Desde então, a proximidade com o poder sempre foi um atalho para o sucesso por aqui, independentemente do mérito ou do valor. Nosso “capitalismo de Estado”, ou de compadrio, tem seu DNA já na economia das mercês, um modelo no qual o Estado “distribuía privilégios e concessões a partir de acordos pactuados entre o rei, o poder local e os seus súditos”. O BNDES de Luciano Coutinho é apenas o coroamento desta velha tradição, tirando dos pobres para dar aos ricos, tudo isso num governo de esquerda.
Leia mais aqui.
Em denúncia, PGR afirma que Bolsonaro era do “núcleo crucial” de organização criminosa em suposto golpe
Bolsonaro será preso? Acompanhe o Entrelinhas e entenda o que pode acontecer após denúncia da PGR
Múcio diz que denúncia da PGR serve para livrar militares de “suspeições equivocadas”
Empresa de Trump e plataforma de vídeos Rumble processam Alexandre de Moraes nos EUA
Inteligência americana pode ter colaborado com governo brasileiro em casos de censura no Brasil
Lula encontra brecha na catástrofe gaúcha e mira nas eleições de 2026
Barroso adota “política do pensamento” e reclama de liberdade de expressão na internet
Paulo Pimenta: O Salvador Apolítico das Enchentes no RS