O ministro Paulo Guedes explicou ao Estadão neste domingo porque está otimista. Peço licença para citar um longo trecho de sua entrevista:
Nós estamos indo por ordem de timing político. Se a Previdência vai quebrar o Brasil, enfia a Previdência. Ah, os governadores e prefeitos estão desesperados. Enfia o pacto federativo. Aprovamos os dois? Aprovamos. Começa a simplificação dos impostos. Aliás, nós vamos começar a disparar tudo ao mesmo tempo. Vem uma pauta positiva aí: PEC do pacto federativo, simplificação e redução dos impostos, aceleração da privatização, desestatização do mercado de crédito, abertura da economia. Tem coisas que vocês não estão vendo. Vem aí o choque da energia barata em mercado. Isso vai permitir uma redução do custo de energia de quase 50%. É tanta coisa boa que tem que fico com pena do Brasil de ficar discutindo sexo dos anjos, ser tão pequenininho.
Esse trecho final merece destaque: o Brasil, e em especial a suposta direita (há reacionários antiliberais infiltrados nela), perde muito tempo com debates sem sentido, que não são a prioridade do país. Com mais de 12 milhões de desempregados e um estado falido, precisamos aprovar essas reformas, em especial a previdenciária, e dar um choque de liberalismo na economia.
Em vez de todos os esforços estarem voltados para esse objetivo nobre, muitos preferem “tretas”, atacar gente do governo, desviar o foco para questões secundárias, para dizer o mínimo. E o próprio presidente Bolsonaro tem culpa no cartório. Seu tweet mais compartilhado foi sobre “golden shower”, quando o Brasil necessita com urgência da aprovação das reformas. Justiça seja feita, parece que caiu a ficha e Bolsonaro tem postado mais sobre a Previdência, incluindo uma excelente entrevista com o ministro Guedes em que explica em detalhes a importância da Nova Previdência.
O que faltou ser explicado é como aprovar essas medidas no Congresso. A articulação é o calcanhar de Aquiles do governo, que vem tentando, com legitimidade, superar a “velha política”. Mas o Brasil não será a Suíça da noite para o dia, e é preciso jogar com as cartas existentes na mão. Parece que o governo já entendeu isso e está disposto a aceitar sugestões de cargo em troca de votos. Não há nada absurdo nisso, desde que os indicados tenham perfil técnico.
Além das dificuldades políticas, Guedes enfrenta a resistência ideológica do próprio presidente. Na mesma entrevista, o jornal perguntou qual vai ser a lista de prioridades da privatização. Guedes respondeu: “De novo, eu gostaria de vender tudo e reduzir a dívida. Agora, quem tem voto não sou eu, é o presidente. Aí ele diz: ‘Não vai vender a Petrobras, não vai vender o Banco do Brasil…”
O jornal então perguntou se Correios e Eletrobras seriam privatizadas. Guedes respondeu: “Não sei, não…” O Antagonista provocou: “Guedes jogou a toalha?” Espera-se que não. Mas os obstáculos à agenda liberal parecem maiores do que o esperado, pois vêm do próprio presidente, o mesmo que ainda parece em campanha e estimula o desvio de foco para questões menores.
Guedes tem em sua mente uma agenda positiva para o Brasil. É nisso que todos devemos nos concentrar agora. Não podemos ser um país tão pequenininho, condenados à mediocridade eterna. Acorda, Brasil.
Rodrigo Constantino
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