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Onde costumam ocorrer aqueles atentados que ficaram famosos pelo “documentário” de Michael Moore sobre Columbine? Sim, em escolas. Por quê? Bom, a primeira parte mais óbvia da resposta é que adolescentes com problemas mentais que querem realizar um massacre desses vão naturalmente para suas escolas, “extravasar” toda a sua loucura ou ressentimento, fomentando às vezes por ideologias perversas.

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Mas há um segundo motivo, nem sempre lembrado: escolas são “gun-free zones”, ou seja, locais em que é totalmente proibido ter armas. Se você é um doido que quer chamar a atenção num ato cruel desses, não parece fazer mais sentido escolher como alvo um lugar onde sabidamente ninguém pode carregar uma arma para reagir instantaneamente a você? O cara pode ser maluco, mas não precisa ser burro.

De fato, essas “gun-free zones” costumam mesmo atrair terroristas. E, de olho nisso, Wyoming decidiu liberar a posse de armas para funcionários de escolas. O parlamento local aprovou, por 46 votos a 14, uma lei chamada de “The School Safety and Security Act”, permitindo que as escolas de cada distrito escolham se seus funcionários podem ou não ter armas no local de trabalho, uma vez que tenha o porte legal.

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A lei encontrou oposição de ambos os lados. Do lado democrata, muitos consideraram um perigo liberar armas dentro de escolas (mas talvez seja mais perigoso hoje, quando somente quem quer matar inocentes “pode” levar sua arma). A democrata Debbie Bovee disse que defende a Segunda Emenda da Constituição, mas não poderia apoiar qualquer coisa que permitisse armas em escolas.

Já alguns republicanos acham que a lei foi restrita demais, por não permitir que qualquer um com o devido porte possa carregar sua arma no perímetro escolar. Os republicanos partem da premissa de que quanto mais cidadão ordeiro carregar sua arma, com o devido porte legal, menor será o incentivo aos marginais ou terroristas para agir. E isso inclui também escolas, como boates, aeroportos, ruas ou qualquer outro lugar.

Wyoming não é o único lugar que está pensando em flexibilizar as regras para armas em escolas. O estado de Kentucky também vem tomando passos nessa direção, sob a liderança do republicano Thomas Massie com o “Safe Students Act”. E minha querida Flórida também vem flertando com leis cada vez mais frouxas para armas, sob a liderança do senador Greg Steube.

Os congressistas, porém, acreditam que as chances de mudanças desse tipo serem aprovadas pelo Senado são baixas. Ainda assim, medidas pró-armas têm ganhado força, e a “House Bill 136“, que libera armas para quem tem porte nos campus universitários, foi aprovada em Wyoming.

Há uma disputa ideológica em curso. De um lado, aqueles que querem restringir o acesso legal às armas, por acharem que isso facilita os crimes e o terrorismo (apesar de alguém que queira quebrar as leis sempre encontrar um meio ilegal para comprar uma arma). Muitos deles chegam ao ponto radical de culpar as armas, objetos inanimados, pela matança, deixando de lado o fator humano, o sujeito responsável pelo ato. E, do outro lado, temos aqueles que querem liberar ainda mais o acesso, num país que possui mais armas do que habitantes.

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Qual seria o lado escolhido pelo leitor? Você ficaria mais ou menos tranquilo se soubesse que funcionários da escola do seu filho podem carregar armas, desde que tendo porte legal?

Rodrigo Constantino