Por Elias Minotto, publicado pelo Instituto Liberal
Várias das tentativas de implantação de um governo socialista foram marcadas por perseguições a quem tinha uma orientação sexual diferente, quem falava contra o governo e também quem desejava ter uma religião. Começaremos investigando o histórico da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) com relação à perseguição aos cristãos, que causou a morte de milhões de fiéis.
União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS).
Antes de tudo, analisemos o que o expoente líder socialista Karl Marx pensava sobre a religião. O pensamento de Marx era que a religião concede aos indivíduos prazeres que não são reais, que contém ilusões, como o ópio para um viciado. Libertá-las daquela ilusão irreal fazia parte da construção de uma sociedade comunista. É aí que a frase atribuída a Marx simplifica seu pensamento: “A religião é o ópio do povo”. Com base nesse discurso, não seria possível construir uma sociedade comunista com a presença da religião, então o socialismo surgiu para combater tudo aquilo que poderia atrapalhar uma futura sociedade comunista. Por isso, os ditadores de vários governos socialistas perseguiriam a religião, principalmente a mais predominante, o cristianismo.
A repressão socialista na URSS foi tão grande que livros foram escritos para focar somente nesse assunto, como “Biografias do clero católico e leigos reprimidos na União Soviética”, que mostra as trajetórias de clérigos católicos que foram perseguidos e torturados de aproximadamente 1918 a 1953. Cerca de 1.900 clérigos foram martirizados pela ditadura socialista de Stalin e Lênin. As biografias foram reunidas por Irina Osipova e Bronisƚaw Czaplicki e o trabalho foi publicado pela Administração Apostólica para católicos da Rússia do Norte da Europa e traduzido do russo por Geraldine Kelley . [1]
Entre 1920 e 1930, a perseguição socialista concentrou-se na Igreja Ortodoxa Russa, que continha o maior número de religiosos cristãos. Quase todo o seu clero e muitos crentes foram fuzilados e submetidos a campos de trabalho forçado, os famosos Gulags. As escolas que tinham teor de ensino teológico, ou seja, que ensinavam sobre Deus e a Bíblia foram obrigadas a fechar; todas as publicações da igreja foram proibidas. Com isso, por volta de 1939, 50 mil igrejas foram fechadas, deixando apenas 500 abertas. [2]
Uma história em particular chama a atenção: o padre romeno ortodoxo Gheorghe Calciu-Dumitreasa ficou preso por 21 anos por defender sua crença, sofreu torturas e ameaças de morte. Na década de 80, o presidente Ronald Reagan pressionou o ditador Nicolae Ceausescu. O padre foi exilado nos Estados Unidos em 1985. [3]
Várias denominações diferentes foram perseguidas na URSS; cristãos protestantes, Batistas, Pentecostais, Adventistas, no período após a Segunda Guerra Mundial foram compulsoriamente enviados para hospitais psiquiátricos. [4]
República Popular da China
A Revolução Cultural (1966 -1976) da China iniciada pelo ditador Mao Tse-Tungperseguiu muitos cristãos e pessoas de outras religiões. Templos e igrejas foram profanados e desrespeitados, igrejas cristãs tiveram cruzes que representavam Jesus Cristo e estátuas derrubadas. Aqueles que seguiam a religião se tornaram alvos de seguidas sessões de “críticas” pelos assim chamados guardas vermelhos, sendo espancados e perseguidos. Muitos religiosos, como budistas tibetanos e monges foram torturados, padres católicos enviados para campos de trabalho forçado. Até hoje o cristianismo é perseguido na China. Recentemente, o governo proibiu a venda online de bíblias cristãs. [5]
República Popular da Hungria
Na Hungria, um livro de 443 páginas intitulado “Mártires dos católicos na Hungria” foi publicado por Gyula Havasy, no ano de 1990 e mostra dez julgamentos de igrejas e a detenção de 2.800 monges e monjas.[6] Milhares de cristãos foram presos e muitos outros foram martirizados. O mais conhecido dos casos foi o do bispo Vilmos Apor. [7]
Coreia do Norte
Após a Segunda Guerra Mundial, a Coreia foi ocupada por dois países que defendiam ideias politicas totalmente diferentes: os Estados Unidos e a União Soviética. Ao longo do tempo o clima esquentou e uma guerra estourou em 1950, conhecida como Guerra da Coreia, acabando por dividi-la em duas partes, Norte e Sul. A região do Norte ficou com a URSS, adotando um regime político socialista e economia planificada. A região do Sul permaneceu com os Estados Unidos, adotando um sistema político democrático e uma economia capitalista. Sendo assim, muitos cristãos tentaram fugir da parte socialista. Se antes da guerra o país contava com 500 mil cristãos, dez anos depois, não havia mais a presença visível de igrejas, já que milhares haviam sido mortos, presos ou banidos para áreas remotas. Naquele período, os cristãos que restaram tiveram que manter sua crença em segredo.
Como no Norte o Estado é centralizador de grande poder, a liberdade do indivíduo é zero[8], já que para eles “o coletivo é mais importante”. Sendo assim, o governo dita regras em nome do povo na figura de um ditador.
Atualmente na Coréia do Norte o cristianismo é reprimido ao extremo; a pressão sobre os seguidores de Cristo acontece em um nível muito elevado e afeta várias esferas da vida. Para os norte-coreanos, ser um cristão obriga a manter esse segredo bem escondido, não só das autoridades, mas também de amigos, vizinhos e até mesmo de suas próprias famílias. Sem contar que este país lidera a Lista Mundial da Perseguição pelo 16º ano consecutivo. [9]
No Brasil, o Partido Comunista do Brasil (PCdoB), que abriga a candidata a vice-presidência na chapa de Fernando Haddad (PT), Manuela D’Ávilla, já lançou carta de apoio ao governo norte coreano e também mandou saudações aos 72 anos de fundação do Partido do Trabalho na Coreia. Nem o PCdoB, nem a Manuela jamais fizeram qualquer crítica à Coréia do Norte com relação à perseguição aos cristãos. O mesmo partido apoiou a URSS, que também perseguiu cristãos e nunca foi feita uma autocrítica sobre isso.
Sobre o autor: Elias Minotto é colunista do Instituto Tropeiros.
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