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Por Maria Lúcia Victor Barbosa, publicado pelo Instituto Liberal

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A discrepância entre o que mostram as pesquisas eleitorais e o resultado das urnas tem acontecido em eleições passadas e recentes, não só no Brasil como em outros países. Um caso que pode ilustrar tal afirmação foi a eleição presidencial norte-americana, quando venceu Donald Trump. Pelas pesquisas aparecia que Trump não conseguiria os delegados para sua indicação. Depois, que perderia por larga margem para Hillary Clinton. Isso fazia a festa da mídia brasileira que até hoje parece desejar fazer no Brasil o impeachment do presidente norte-americano.

É próprio das campanhas políticas o vale-tudo dos golpes baixos. Entram também em cena o marketing, o Quarto Poder da mídia que inclui o Palanque Eletrônico da TV e, agora com a evolução da tecnologia, o Quinto Poder onde avulta o poderoso Palanque Digital das redes sociais, composto pelo Facebook, o WhatsApp, o Twitter, o Instagram e Youtube.  E, por que não, às vezes as pesquisas, que, com a indução de certeza transmitida através dos números, podem influenciar eleitores, distorcer a realidade, utilizar metodologia errada, propiciar interpretações muitas vezes estapafúrdias.

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Nesta eleição sui generis por conta da presença do candidato à presidência da República, Jair Messias Bolsonaro (sem tempo de TV, sem coligações partidárias, sem recursos financeiros, mas escudado pelo Palanque digital), os institutos de pesquisa o mostraram no mesmo patamar de 17% por um bom período. Isto levou à conclusão de que ele havia atingido seu teto, para alegria dos adversários. Entretanto, Bolsonaro foi, como dizem os pesquisadores, “oscilando para cima”. Bem para cima, por sinal.

Aos poucos os Institutos de pesquisa foram ajustando de modo igual a subida de Bolsonaro: 24%, 26%, 28%. Aconteceu depois do atentado que quase tirou a vida do candidato, quando um matador de aluguel o esfaqueou. Então, lhe foi concedida gradual ascensão que deixou os outros postulantes bem para trás.

Quanto ao petista, Fernando Haddad, teve nas pesquisas uma subida fulminante, como a demonstrar que o presidiário pode exercer seu comando e fascínio sobre as massas mesmo de dentro da prisão. Afinal, anteriormente Lula ajudara o esnobe Haddad a se tornar prefeito de São Paulo, mas, coisa curiosa, não teve força política para reeleger o pior prefeito da capital paulista, que conseguiu a inédita façanha de perder para João Dória (PSDB) no primeiro turno.

Agora o pior prefeito de São Paulo já se sente presidente da República, pronto para reprisar Dilma Rousseff como preposto do chefe. Diante disso, se pode perguntar: Por que Lula consegue tal resultado com Haddad e quase nenhum para Marinho, que postula o governo de São Paulo e se encontra em minguada posição perante os adversários? Afinal, Lula, que reina nas propagandas gratuitas, apareceu abraçado com o companheiro Marinho hipotecando-lhe apoio.

Dirão que no caso de Haddad a identificação é maior, mesmo porque o petista afirma: “eu sou Lula”. Seria isso uma boa propaganda? Se Haddad perder, Lula também perde, o que não é nada interessante para o PT.

Existem ainda alguns aspectos das pesquisas que levam a conclusões, tais como: o candidato com maior intenção de votos tem também a maior rejeição, logo vai perder. Ou então, Bolsonaro, que se encontra em primeiro lugar, vai perder de todos os candidatos que se encontram bem abaixo dele no segundo turno.

Contudo, se os resultados forem outros, dirão os donos dos institutos que as pesquisas refletem a realidade do momento, apesar de as projeções que fazem para segundo turno darem a impressão de que são imutáveis. Todos os  erros, então, se justificarão apesar das imensas diferenças quando as urnas forem abertas.

De todo modo, é interessante conhecer o que disse James Gulbrandsen, gestor de investimentos da NCH Capital e que foi publicado na Folha de S. Paulo (22/09/2018 – A13).

O gestor questiona a metodologia do Datafolha e afirma “que as pesquisas eleitorais trazem um recorte tendencioso da população nordestina que ganha até dois salários mínimos, utilizam porcentagens menores que as reais de pessoas que se afirmam católicas ou evangélicas e trazem uma parcela maior de pessoas que se identificam com ideais de esquerda”. “Para Gulbrandsen, estes erros de amostragem tornam as pesquisas enviesadas, favorecendo candidatos como Ciro Gomes (PDT) e Fernando Haddad (PT)”. Diz também: “Não quero ofender os estatísticos, mas seus resultados podem ser completamente irrelevantes (para os investimentos)”. Aponta ainda “um viés político do Datafolha, da Folha e do UOL, empresas do Grupo Folha, que afirma terem ‘inclinações esquerdistas”.

O jornal apresentou na mesma página sua defesa. Aguardemos o resultado das urnas daqui a duas semanas para conferir. Até lá, o primeiro colocado continuará a sofrer muitas facadas verbais dos desesperados pelo poder. Existe um partido que sabe fazer isso muito bem.