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A Petrobras enviou nesta terça (6) uma carta ao escritório de advocacia do presidente da OAB, Felipe Santa Cruz, comunicando que está cancelando o contrato que mantinha com ele.

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O escritório atuava em causas trabalhistas. No ano passado, venceu uma causa estimada em R$ 5 bilhões que seriam pagos como horas extras atrasadas a funcionários embarcados nas plataformas de petróleo da estatal.

O julgamento, no TST (Tribunal Superior do Trabalho) foi apertado: 6 votos a favor e 5 contrários.

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“Era uma ação rescisória, algo como ressuscitar alguém que morreu. Eu salvei a empresa na causa trabalhista mais grave que ela já enfrentou”, afirma Santa Cruz.

Ele afirma que entrará na Justiça com uma ação para reparação de danos. “Há claramente uma perseguição política em curso”, diz. 

A Petrobras não quis comentar o caso. O advogado foi atacado na semana passada por Jair Bolsonaro.

O timing é muito suspeito, e o presidente da estatal, Roberto Castello Branco, deve explicações. É preciso separar as coisas aqui. O presidente da OAB pode ser um petista, pode ter atacado Sergio Moro, mas seu escritório prestava um bom serviço à estatal ou não? Essa deveria ser a única questão em pauta: o mérito.

Se as implicâncias ideológicas ou pessoais do presidente influenciam decisões de negócios da Petrobras, isso é mais uma evidência clara da necessidade de privatiza-la. Bolsonaro não é o dono da Petrobras, e assuntos pessoais jamais deveriam ser misturados dessa forma.

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Sei que muitos bolsonaristas não pensam assim, pois não demonstram qualquer apreço pelo republicanismo. Acham que estamos numa guerra e que nela vale tudo, inclusive lançar mão dos mesmos métodos dos inimigos. É por isso que muitos os chamam de petistas com sinal trocado.

O câncer da política nacional é justamente encarar o estado como instrumento particular, como puxadinho da casa, confundindo a coisa pública (república) com cosa nostra, como máfia, como algo da nossa “patota”.

Você pode detestar a pessoa de Felipe Santa Cruz. Você pode achar que ele é um crápula defensor de bandidos. Não importa. Ou não deveria importar. A Petrobras é uma empresa que precisa ter sua gestão independente dos humores políticos. A decisão, se mesmo motivada pela querela entre o presidente Bolsonaro e o Santa Cruz, é simplesmente indefensável e absurda. Privatize já!

Rodrigo Constantino