O carioca paga um alto preço por excesso de “malandragem”. A visão imediatista acaba espelhada no governo. Não digo que seja exclusividade nossa, pois sei que no Brasil todo é assim. Mas o Rio consegue mesmo ser destaque. Reportagem do GLOBO de hoje mostra o estado das novas pistas de BRT, a grande promessa para melhorar o péssimo trânsito da região. Piada de mau gosto, claro. Solução paliativa, para eleitor ver. E por isso mesmo a qualidade do troço é deixada de lado. O material usado não é adequado, e o prefeito torce para nada terrível acontecer em sua gestão, apenas isso. Vejam:
A sensação de circular dentro de um ônibus do BRT Transoeste, de Santa Cruz até a Barra, é comparável à de estar dentro de um liquidificador, tamanha é a quantidade de buracos, calombos e remendos no meio do caminho. Há problemas tanto em frente às estações quanto em outros pontos das pistas, o que torna as viagens mais longas e perigosas. A má qualidade da via já deixou gente ferida dentro dos ônibus e provocou defeitos nos veículos. Quando chove, a situação do asfalto só piora — as fendas parecem se multiplicar e se tornam ainda maiores.
Inaugurado em 2012, com 52 quilômetros de extensão, entre Campo Grande e o Terminal Alvorada, o corredor expresso coleciona problemas. Passageiros contam que, logo após o início do funcionamento do BRT, as pistas já apresentaram sinais de que não suportariam os veículos. E os trabalhos de recapeamento em alguns trechos não têm dado jeito na buraqueira. No asfalto recente, já é possível ver verdadeiros “quebra-molas”. Em todo o percurso, o quadro é mais dramático entre as estações Pingo D’Água e Ilha de Guaratiba, ambas em Guaratiba. Lá, é difícil encontrar cem metros de pista que não apresentem qualquer problema, que incluem a falta de divisória entre a via exclusiva e a destinada aos demais veículos.
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O funcionário diz que é só chover para o asfalto ceder ainda mais. Embora em Santa Cruz e Guaratiba as falhas sejam mais recorrentes, Recreio e Barra não estão livre de calombos e buracos.
— A prefeitura não vem recapear com constância o asfalto. O que fazem é jogar asfalto por cima dos buracos, criando calombos parecidos com quebra-molas. Nem máquinas usam para nivelar a pista, cabendo esse trabalho aos ônibus e seu peso sobre o asfalto — diz o motorista.
Para Eva Vider, engenheira e professora da Escola Politécnica da UFRJ, as pistas teriam mais qualidade se fossem de concreto no lugar de asfalto.
— Não existe ali infraestrutura para suportar aquele tipo de veículo. O material usado não é apropriado para aguentar o peso dos carros, que passam geralmente lotados, nem o nosso calor tropical. É comum o asfalto se deslocar para o alto devido a essas condições — afirma Eva, confirmando que, no segundo trecho do Transoeste, até o Jardim Oceânico, está sendo aplicado mesmo concreto, material mais resistente para esse tipo de sistema. — Acho que foi um erro de projeto. A qualidade da pavimentação não é boa. Só que concreto é mais caro e faz a obra levar mais tempo.
Pois é, leva mais tempo e custa mais. Logo, a saída encontrada é fazer a coisa “meia-bomba”, usando material ruim, mostrar aos eleitores a conclusão do projeto como uma fachada bonita por fora e oca por dentro, como a vila Potemkin, construída pelo russo Grigory Potemkin para impressionar Caterina II numa visita a Crimeia em 1787. Embusteiros existem faz tempo, e na Rússia, como no Brasil, eles pululam. Por isso somos países eternamente “emergentes”.
Quando as pistas do BRT estiverem caindo literalmente aos pedaços, causando mais acidentes e demandando reparações constantes (o “barato” que sai caro), o prefeito Eduardo Paes já estará longe, talvez curtindo a vida nos Estados Unidos, quem sabe. E terá deixado como “legado” uma via em frangalhos, que torna a viagem dos passageiros um verdadeiro tormento.
As estradas aqui na Flórida são excelentes. Você vai da Disney em Orlando para Weston em cerca de 3 horas sem encontrar um só buraco. Isso mesmo: não é figura de linguagem, é fato: não se vê crateras na longa estrada Turnpike. A interestadual 75 (I-75), que cruza boa parte da Flórida, saindo do sul do estado e chegando até Michigan, tem estado impecável (ao menos no trecho que uso com frequência). Agora há um pedaço em obra perto da minha casa, para uma “linha expressa” que o motorista precisa pagar para usar (lei do mercado, que funciona). A obra é rápida, limpa, e acreditem: com material de boa qualidade que foi feito para durar por muitos e muitos anos.
Mas os americanos e os latino-americanos que moram na Flórida são “otários”, como sabemos, uns “coxinhas” alienados que apreciam o capitalismo do Tio Sam. Os “malandros” mesmo são os brasileiros em geral e os cariocas em particular, que sabem levar a vida numa boa, com mais emoções, com muito samba no pé e cerveja na cabeça. O problema é depois, quando precisam encarar o transporte público ou as estradas esburacadas para voltar para casa…
Rodrigo Constantino
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