O presidente do Senado Federal, Renan Calheiros, disse que sugeriu nesta segunda-feira (30) ao ministro da Fazenda, Joaquim Levy, durante encontro em seu gabinete no Congresso Nacional, a independência do Banco Central – tema controverso da última campanha eleitoral para a Presidência da República.
“Eu disse ao ministro Levy que estamos preocupados com a qualidade do ajuste [nas contas públicas]. Como será o ajuste. Sugeri ao ministro algumas medidas, inclusive a independência formal do Banco Central, com mandato ‘descoincidente’ com o da presidente da República”, declarou o presidente do Senado Federal.
Essa não é a primeira vez que o presidente do Senado Federal tenta levar adiante um debate sobre a independência do BC – que tira do presidente da República a autonomia para demitir e nomear os dirigentes da autarquia a qualquer momento. No fim de 2013, Calheiros anunciou que pretendia colocar o tema em votação, mas depois recuou.
O PMDB faz muito bem em tentar impor esta pauta. A independência do BC seria um passo muito importante rumo à estabilidade da moeda. O PT sempre foi contra esta independência, ou mesmo a autonomia do BC. Sempre quis um Banco Central subserviente aos anseios populistas do Planalto, ignorando que esse é o maior risco para a inflação.
Já escrevi vários textos aqui justificando a importância de um BC independente, como este. Após mostrar o que o PT busca num BC politizado, expus os principais argumentos em defesa da independência. Segue um trecho:
O “desenvolvimentismo” é uma vez mais um retumbante fracasso. Dilma derrubou a taxa de juros na marra, fez uma celeuma com isso, posou de corajosa que enfrentava os banqueiros gananciosos, sob o alerta de vários economistas liberais, e agora colheu o fracasso. A taxa de juros voltou a subir, já está acima de quando ela assumiu, e mesmo assim a inflação continua em patamar extremamente elevado.
O poder da impressão de dinheiro artificial nas mãos do governo sempre foi um enorme risco para a liberdade e prosperidade dos povos. Esse poder foi utilizado de forma abusiva desde quando o imperador romano Diocleciano resolveu reduzir o teor metálico das moedas, fazendo com que perdessem valor real.
O governo perdulário usa a política inflacionária como um imposto disfarçado, já que propor aumento de impostos é sempre algo impopular. Não há transparência sobre os custos reais das medidas, e o governo se aproveita da ignorância das massas. O recurso inflacionário garante ao governo os fundos que ele não conseguiria captar por meio dos impostos diretos ou por emissão de dívida. Eis o verdadeiro motivo para uma política inflacionária. Seus defensores são inimigos do “dinheiro sólido” e, concomitantemente, da liberdade individual.
Um banco central independente é um primeiro passo para tentar blindar a gestão monetária desse risco e mitigar a tentação inflacionária do governo. O PT, defensor de um estado obeso, não tolera essa independência. Quer ter o controle da máquina de moedas, para se apropriar dos recursos alheios indiretamente. Os principais prejudicados são os mais pobres, que sentem a inflação no bolso e não têm como se defender.
O governo do PT criou esse quadro de alta inflação. E, ao que tudo indica, não acusa o golpe nem admite seu erro, preferindo insistir na política inflacionária e rejeitar a autonomia de fato do Banco Central. Em outubro, o eleitor terá a chance de dar um basta a essa política nefasta.
Diante disso tudo, e de uma inflação que desde então só aumentou, chegando já a 8% ao ano, só nos resta aplaudir a iniciativa do PMDB e constatar que o partido, apesar de todos os seus defeitos, também sabe jogar do lado do Brasil, ao contrário do PT, que só marca gol contra. E pensar que ainda tem gente que acha que não devemos pedir o impeachment de Dilma pois seria ainda pior um governo do PMDB.
Nada seria pior do que o PT! Só mesmo o PSOL, sua “linha auxiliar” que tenta preservar a aura de pureza por estar longe do poder…
Rodrigo Constantino
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