Por Fábio Pegrucci
E então, como se tivessem despertado de um longo sono, com olhos arregalados e em tom de voz assombrado, âncoras de telejornais hoje comunicaram aos brasileiros que a Venezuela caminha a passos largos para tornar-se uma ditadura:
afinal – vejam vocês! -, o tiranete Nicolás Maduro resolveu convocar uma assembleia constituinte furadíssima, com o único intuito de tratorar o parlamento, calar opositores e censurar a imprensa.
É certo que ainda compuseram seus textos com especial cuidado, evitando as expressões “esquerda” e “socialismo”; também não mencionaram que o regime chavista foi bajulado e em grande parte FINANCIADO durante anos pelo governo brasileiro, enquanto o mesmo teve à frente a quadrilha petista; e, enquanto limitaram-se a rapidamente informar que os governos de Bolívia e Nicarágua prestam total apoio ao regime bolivariano, sequer pensaram em explicar que uma ampla frente de partidos e organizações esquerdistas dominou quase toda a América Latina por longuíssimos anos, como resultado de estratégia de tomada de poder traçada muito tempo antes, como resposta à desintegração da União Soviética e ao esfacelamento do comunismo no leste europeu: não, o jornalismo brasileiro ainda não menciona o Foro de São Paulo – e possivelmente jamais o fará.
Chega a ser indecente que só agora – quando os Estados Unidos já sinalizam com pesadas sanções e até a pálida União Europeia emite notas de repúdio às ações do governo venezuelano – a imprensa brasileira resolva dar um tom mais fidedigno à cobertura da situação no país vizinho.
Enquanto isso, nós – os reaças, os coxinhas, os desatinados que enxergam comunistas debaixo da cama – que cantamos essa bola há ANOS – desde antes do delinquente Hugo Chavez ter sido mandado, pelo câncer e pela medicina cubana, para o quinto dos infernos – como ficamos?
Cutuque aí seu amigo mortadela, que se informa pelos blogs da lacrosfera, pergunte se ele tem algo a lhe dizer; um pedido de desculpas, talvez?
Esse é o momento de lembrarmo-nos de que política deve ser algo SEMPRE pragmático e da máxima que diz que “o inimigo de nosso inimigo é nosso amigo”:
viva Roberto Jefferson, o corrupto que em algum momento de nossa história será devidamente homenageado com uma estátua, por ter sido o pivô da crise que apeou José Dirceu do governo e da linha sucessória – não fosse isso, NÓS seríamos a Venezuela;
viva o providencial PORRE durante o qual Luís Inácio escolheu para sua sucessão a criatura mais parva, estúpida, grotesca, inábil e incompetente que a política brasileira já conheceu – e em cujos fundilhos nem foi assim tão difícil aplicar-lhe um pontapé na direção do esquecimento;
viva Eduardo Cunha, que foi nosso amigo enquanto nos serviu;
e viva Michel Temer, velha raposa conspiradora, que – contra tudo e contra todos – deverá completar seu mandato, dando uma banana para a “baixa popularidade” e conduzindo, ainda que parcialmente, as reformas urgentes que farão extremamente mais fácil a vida do futuro governante desta pocilga, seja ele quem for; a partir de 1º de Janeiro de 2019, com alguns milhões no bolso e ainda com algum tempo para namorar a bela Marcela, o velho Michel vai desaparecer das nossas vistas, só sendo lembrado eventualmente, quando os noticiários mencionarem que ele compareceu às audiências sobre os processos que responderá após deixar a presidência.
Quanto aos nossos vizinhos venezuelanos, só nos resta torcer por eles: como não estamos mais no tempo em que tiranos eram arrancados do poder à bala e pendurados de ponta cabeça em praça pública até que os cadáveres apodrecessem, um dia desses vamos saber que Maduro renunciou e foi se esconder debaixo das asas de Raul Castro; e provavelmente assistiremos a uma guerra civil, antes que alguma normalidade seja reconquistada.
Mas não devemos jamais nos esquecer: poderia ter acontecido conosco.
Quem são os jovens expoentes da direita que devem se fortalecer nos próximos anos
Frases da Semana: “Kamala ganhando as eleições é mais seguro para fortalecer a democracia”
Iraque pode permitir que homens se casem com meninas de nove anos
TV estatal russa exibe fotos de Melania Trump nua em horário nobre
Inteligência americana pode ter colaborado com governo brasileiro em casos de censura no Brasil
Lula encontra brecha na catástrofe gaúcha e mira nas eleições de 2026
Barroso adota “política do pensamento” e reclama de liberdade de expressão na internet
Paulo Pimenta: O Salvador Apolítico das Enchentes no RS