O Politicamente Correto é uma praga. E uma praga que vem se alastrando e tomando conta de tudo que é lugar, especialmente das universidades, que deveriam ser locais sagrados para a livre expressão de ideias, mesmo as mais estranhas.
Mas como todos podemos perceber, não se trata de uma postura imposta pela maioria, e sim por uma minoria intransigente, organizada, histérica, e que pensa falar em nome dos “fracos e oprimidos”.
Essa turma mimada e autoritária seria órfã do comunismo. É o que argumenta João Pereira Coutinho em sua coluna de hoje, com base em entrevista do professor Jonathan Haidt, da Universidade de Nova York, ao WSJ. Diz Coutinho:
As nossas universidades não são universidades –centros de aprendizagem, ou seja, de alguma violência intelectual para abrir cabeças usualmente fechadas. São estufas de sensibilidade e ressentimento. Como explicar isso?
[…]
A maioria é pacífica, diz ele. A maioria quer aprender. A maioria não tem problemas com ideias heterodoxas. O problema, acrescenta, é a minoria: uma minoria intolerante e agressiva que –atenção, atenção– se comporta como as antigas seitas religiosas.
Para esses crentes, as universidades devem ser “espaços sagrados” onde as “vítimas”, ou as supostas “vítimas” (negros, gays, mulheres etc.), são deuses reverenciais. Quando alguém ameaça alterar a ordem divina, chovem críticas, ameaças, vidros quebrados. E coquetéis Molotov.
E para justificar o fenômeno, Coutinho lança mão da excelente análise de Raymond Aron sobre as “religiões seculares”, as seitas políticas totalitárias que prometem o paraíso terrestre. Nazismo, comunismo e fascismo são todos variações do mesmo tema.
Com a queda dessas utopias do século XX, porém, criou-se um “vazio espiritual”, que foi logo preenchido pelo Politicamente Correto. Por isso mesmo essa praga foi espalhada pelos “intelectuais”, pela intelligentzia, a mesma que, antes, flertava com os três monstros utópicos acima. Coutinho conclui:
Os órfãos de Moscou não sobrevivem sem uma fé. E uma fé não sobrevive sem santos e pecadores. Os santos são as minorias várias que ocupam hoje o lugar do antigo proletariado. Os pecadores são todos aqueles que sofrem de “preconceito inconsciente”, uma nova versão da “falsa consciência” que Marx e Lênin deixaram aos seus herdeiros.
Muitas universidades, sobretudo no mundo anglo-saxônico (as restantes são apenas cópias do produto original), tornaram-se o último bastião dos derrotados. Incapazes de implantar “cá fora” os seus projetos de dominação social e econômica, resta aos intelectuais viciados no ópio das ideologias manipular o que se passa “lá dentro”: jovens com cabeças simplórias que são apenas marionetes de uma história que os transcende.
Rodrigo Constantino
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