Por Roberto Rachewsky, publicado pelo Instituto Liberal
Você pode se dizer um macaco, mas isso não significa que os outros tenham que concordar com você, afinal existe um fundamento irrefutável que vincula a natureza (realidade objetiva) com a lógica (consciência), que se chama lei da identidade.
Macacos são macacos, você é um ser humano, mesmo que deixe os pelos crescerem, mesmo que você passe a comer apenas bananas e mesmo que você resolva passar a vida subindo e descendo das árvores.
Realidade antecede e prescinde da consciência, faculdade que te dá o poder de validar ou refutar o que a realidade parece ser com evidências empíricas e com o uso racional da lógica.
O que você pensa sobre a realidade nunca irá superar o que a própria realidade é.
O politicamente correto é uma tentativa de inverter essa visão.
Movimentos políticos foram estabelecidos para afirmarem que não importa o que a realidade objetiva determina quanto ao que você é, nem importa a opinião alheia sobre a identidade de alguém, importa é o que a sua mente decide sobre a natureza do seu ser.
Mas isso não é nada; o que é ainda pior é que esses movimentos políticos querem ir além. Não basta ignorar a realidade, não basta desconsiderar a opinião alheia, é preciso impor pela coerção estatal o que os demais podem dizer, logo, o que os outros podem ou não pensar a respeito disso.
Tudo aquilo que prescinde da realidade objetiva e trata uma ideia, como essa que alguém tem a seu respeito, de forma dogmática, é em última análise uma religião.
Impor a sua religião aos outros é tirania obscurantista.
Seja o que você deseja ser e tenha a autoestima e independência necessária para aceitar quem você é ou quem você quer ser.
Saiba e aceite que nem todo mundo compartilha com você a mesma fé, mesmo que a fé diga respeito exclusivamente à ideia de quem você é.
Note que eu não estou dizendo que você não pode decidir o que vai ser. Você pode ser o que quiser à sua maneira, até onde a sua natureza permitir.
Quer ser um macaco, seja, mas não obrigue os outros a te darem bananas ou te tratarem como se você fosse o macaco que você deseja e, possivelmente, até acredita ser.