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Políticos da extrema-esquerda americana saem em defesa da liberdade de expressão da conservadora Ann Coulter

A senadora Elizabeth “Pocahontas” Warren, que defende bandeiras radicais de esquerda, saiu em defesa da liberdade de expressão da conservadora Ann Coulter, que teve sua palestra na Berkeley cancelada semana passada sob a alegação de preocupação com a segurança. Ela disse na CNN que deram uma plataforma ainda maior a Coulter ao negarem sua chance de falar na universidade.

“Minha visão é deixem ela falar e não apareçam, se não gostam, simplesmente não apareçam”, disse Warren. Uma postura bem liberal, de fato, como aquela que diz “se não gosta de um programa, basta usar o controle remoto”. Ela não foi a única da esquerda a se manifestar contra a censura. O senador Bernie Sanders também condenou a postura da universidade ao cancelar o evento com a autora de “Em Trump nós confiamos”.

“Não gosto disso, não gosto”, desabafou o socialista (que por outro lado se recusa a condenar abertamente o regime venezuelano). Ele considera as ideias de Ann Coulter deploráveis, mas disse que ainda assim as pessoas devem ter direito aos seus “dois cents”, a manifestar suas opiniões, sem medo de violência ou intimidação. Para ele, tentar calar na marra os outros é prova de fraqueza intelectual. O ideal seria rebaterem sua fala com perguntas duras, argumentos.

Não posso deixar de manifestar apoio a essa postura de dois dos piores senadores americanos. Entretanto, parece inegável que a esquerda radical tem muito a ver com esse ambiente de intimidação e censura nos campi universitários, especialmente contra autores de direita. Coulter não foi a primeira a ser vetada, como Ben Shapiro, David Horowitz e Milo Yiannopoulos bem sabem.

Uma reportagem da Bloomberg, publicada pela Gazeta do Povo, mostra como a censura tem crescido mesmo em locais que foram campeões da liberdade de expressão no passado. A jornalista Megan Mcardle, após dissecar o viés estranho dessa suposta preocupação com a segurança quando alguém conservador vai palestrar, conclui:

Esse é o desenvolvimento vergonhoso de uma universidade de elite com uma tradição tão forte sobre a liberdade de expressão. Berkeley deveria defender mais os valores que ajudou a criar, deixando claro que a administração vai fazer tudo o que pode para que um aluno ou convidado que cometer atos de violência seja preso e encare as penalidades criminais apropriadas. Deveriam também anunciar que alunos que não sejam violentos, mas que tentam silenciar a liberdade de expressão fazendo barulho demais para que o falante seja ouvido, também estão violando os direitos dos alunos de trazer convidados, sofrendo assim penalidades disciplinares.

Mas, ao contrário, Berkeley resolveu defender outros valores: acalmar os agressores, silenciar discursos e pedir para que as vítimas se apertem em um canto (em alguma segunda ou terça-feira de setembro) enquanto seus direitos são violados. É o tipo de sentimento que ninguém deveria defender.

Estou finalizando a leitura de um livro fundamental sobre isso, que já resenhei em parte aqui, escrito por um democrata esquerdista, que lamenta o ambiente de censura nos campi universitários americanos, basicamente por conta do politicamente correto com seus “códigos de discurso” e “locais seguros” para impedir as “microagressões”. Isso tudo é muito sério e preocupante, e não deve ser ignorado ou tratado como um caso isolado. Trata-se de um fenômeno grave que vem se expandindo a cada dia, asfixiando a liberdade de expressão justamente nos locais em que ela deveria ser mais valorizada.

Para o bem da América e do mundo, espero que ainda seja possível reverter esse quadro. A reação ainda que tardia da esquerda, que sem dúvida ajudou a criar o problema, é muito bem-vinda. O certo é cada um buscar a verdade e, se for o caso, refutar o outro lado no campo das ideias, jamais lançando mão de instrumentos autoritários como a intimidação e a ameaça física, como tem feito essa patota organizada contra pensadores de direita.

Rodrigo Constantino

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