Quando o artista troca sua expressão artística pelo proselitismo ideológico a arte morre, sai de cena, desaparece. Em vários aspectos, o próprio conceito de arte é o oposto da propaganda política.
Arte – ao menos o que merece tal rótulo – normalmente fala fundo às nossas emoções, de forma atemporal, justamente porque lida com as angústias e paixões humanas, enraizadas em nossa natureza. Substituir isso pela mensagem conjuntural e efêmera da política é cometer um ato de assassinato contra a verdadeira arte.
Infelizmente, temos visto cada vez mais “artistas” se deixando levar por essa onda proselitista, usando sua “arte” apenas para divulgar mensagens políticas e partidárias. É um espetáculo lamentável. E o Oscar, claro, é a apoteose desse fenômeno tosco.
A pressão politicamente correta dentro de Hollywood tem sido fatal para um julgamento artístico isento, que deveria analisar apenas os critérios efetivamente artísticos, não seu teor político. Paradoxalmente, os que mais saem prejudicados com essa postura acovardada são as próprias “minorias” que esses grupos dizem defender.
Alexandre Borges explica melhor essa visão, usando como base um excelente texto de Paulo Cruz:
Sou do tempo que o assunto do Oscar era cinema. Triste momento da politização de tudo.
O maior estrago causado por essa geração de atores ideologicamente radicais, mimados, alienados e afetados de Hollywood foi o “Oscars So White”, movimento cotista para o prêmio que fez tanto barulho ano passado (lembre aqui http://bit.ly/2lY3khD). Perto disso, a gafe histórica de errar no nome do vencedor do Oscar de Melhor Filme não é nada.
Neste ano, os dois vencedores do Oscar de Melhor Ator e Atriz Coadjuvantes são negros: Mahershala Ali, o eterno Remy Danton de House of Cards, e Viola Davis. Mahershala Ali é também o primeiro ator muçulmano a ganhar este prêmio, o que faz dele um combo de minorias.
Mahershala Ali e Viola Davis são dois bons atores, mas como saber agora se o prêmio foi por mérito ou ação afirmativa? Como ter certeza de que não houve qualquer influência política na escolha? É uma dúvida que mancha a credibilidade do Oscar e cobre a vitória de ambos com uma nuvem de suspeição.
Como disse o grande Paulo Cruz, “ser livre é também ser preterido, e cobrar reparação perene é voltar à escravidão”. Nada a acrescentar.
Leia o texto na íntegra aqui.
Rodrigo Constantino
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