A presidente Dilma Rousseff disse nesta terça-feira que ainda não é possível precisar o impacto nas tarifas de energia dos empréstimos concedidos às distribuidoras para cobrir custos extraordinários. E negou, mais uma vez, que haverá um “tarifaço” no próximo ano. nesta terça-feira, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) negou pedido das distribuidoras de energia elétrica para prorrogar o pagamento das dívidas das empresas no mercado de curto prazo referentes a junho, como ocorreu com os valores de maio.
Trata-se de uma postura defensiva de quem pensa apenas nas eleições, claro. Como escreveu Vicente Nunes em artigo publicado hoje no Correio Brasiliense, “Qual candidato se arriscaria a dizer, pouco antes de os eleitores depositarem os votos nas urnas, que a luz ficará ao menos 25% mais cara meses depois da votação?” Compreende-se a tentativa de a presidente negar o óbvio. Mas cabe, então, à oposição explicar de forma bem mastigada para os leigos. Diz o autor:
Em vez de um discurso claro, os principais concorrentes de Dilma—Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB)—recorrem a argumentos frouxos para atacar o que o economista Raul Velloso chama de populismo tarifário.
O pior, porém, é ouvir Campos recorrendo ao mesmo subterfúgio do governo para tentar acumular votos. Segundo ele, se eleito, as tarifas de ônibus serão gratuitas, totalmente subsidiadas pelo poder público. Assim como Dilma, ele não fala de onde tirará os recursos necessários para bancar a proposta. Por uma razão simples: sabe que é inviável. Mas não custa nada prometer ao eleitorado o que não se pode cumprir.
A política nacional ainda precisa evoluir muito. Vemos muita demagogia, muitas promessas irrealistas, e ninguém cobrando a fonte dos recursos, de onde vem o dinheiro, qual o custo disso para os outros. É um leilão de promessas vazias, típicas de uma democracia capenga, sob o voto apenas de ignorantes.
A Nova Zelândia, por exemplo, conseguiu evoluir quando os debates políticos migraram para os meios em vez de os fins “nobres”. Todos querem oferecer tudo, mas ninguém quer explicar a origem dos recursos. A demagogia é o maior inimigo de um debate sério e profícuo.
Voltando ao setor elétrico, o uso intensivo de termelétricas custa uma barbaridade. Nos cálculos de Raul Velloso, em mais 12 meses, o custo extra do setor elétrico pulará para R$ 78 bilhões. Disso ninguém no governo Dilma quer falar. Nunes conclui:
Como o Tesouro Nacional está sem caixa para cobrir essa fatura, devido à gastança desenfreada dos últimos anos, não restará outra alternativa a não ser o aumento na conta de luz. A presidente-candidata não mente quando diz que não está definido o tamanho do reajuste a ser imposto aos consumidores. Mas que a pancada será grande, será. E de nada adianta jogar a culpa nos pessimistas. A política energética do país é controlada por Dilma Rousseff, e ninguém mais.
Rodrigo Constantino
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