Por João Luiz Mauad, publicado pelo Instituto Liberal
Uma entrevista do João Amoêdo, candidato a presidente pelo Partido Novo, ao jornal El País causou alarido nas hostes esquerdistas. A entrevista é longa e aborda inúmeros assuntos, mas a manchete não deixa qualquer dúvida quanto ao viés provocativo do jornal: “Se empresas pagam salários distintos para homens e mulheres, Estado não deve interferir.”
Antes de continuar, transcrevo o inteiro teor da pergunta e da resposta, a fim de que sejam melhor contextualizadas:
- Além da questão do direito ao aborto, mulheres vêm denunciando o machismo cotidiano em suas vidas, seja através de salários mais baixos que dos homens, seja através do risco constante de serem estupradas e de não terem acesso a Justiça. Transexuais ou homossexuais exigem poder andar na rua sem correr o risco de sofrer violência por serem transexuais ou homossexuais, usar o nome que bem entender, se casar com bem entender… Todas essas pautas dizem respeito à liberdade. Que tipo de política pública poderia ser feita para eles?
- A questão da união homoafetiva, o NOVO é totalmente favorável. Isso vai na linha do que falamos sobre as pessoas serem livres. Mas não gosto de fazer nada específico [em termos de políticas públicas, leis], porque você começa a segmentar a nossa sociedade. E tudo o que a gente deve evitar, no meu entendimento, é a segmentação da sociedade. Se uma mulher foi agredida na rua, ela tem que ter o mesmo direito do homem que foi agredido. Não cabe ao Estado separar a sociedade em grupos pelas preferências sexuais, cor da pele… Se as empresas estão pagando salários diferentes, não cabe ao Estado interferir nisso. Algum motivo deve ter, cabe entender essa dinâmica. Mas o risco de aprovar uma lei que determina salários iguais é que algumas mulheres acabem desempregadas. (grifo meu)
Do ponto de vista do liberalismo, a resposta do Amoêdo é perfeita. O princípio da isonomia, segundo o qual todos são iguais perante a lei, é sagrado. Como bem disse o candidato, não cabe ao Estado separar a sociedade em grupos, concedendo a alguns deles direitos e privilégios exclusivos, seja a que título for.
João está certíssimo ao dizer que o Estado deve manter-se afastado de questões salariais, sob o argumento de combater “discriminações” no pagamento de salários. O importante, como disse ele, é entender a dinâmica por trás de eventuais diferenças, até para não acabar prejudicando justamente aqueles a quem se pretende ajudar.
Nunca vi ninguém reclamar, por exemplo, que o mundo da moda paga muito melhor às modelos do que aos modelos. Vocês conhecem algum modelo masculino ou gay que receba salários iguais aos da Gisele Bunchen?
Canso também de ver gente dizendo que os negros sofrem discriminação no emprego e ganham salários mais baixos que os brancos. Mas ninguém se lembra que, em muitos esportes, como, por exemplo, no basquete e no futebol americanos, os negros, além de serem maioria, costumam ser muito mais bem remunerados que os brancos.
Empresários da moda, assim como os do esporte, estão interessados na lucratividade dos seus respectivos negócios e, portanto, escolherão os melhores modelos e jogadores. Se os melhores forem negros, eles os contratarão a peso de ouro. Se forem mulheres, idem. Parafraseando Deng Xiaoping, para os gananciosos empresários, não importa a cor ou o sexo dos gatos, desde que peguem os ratos – e encham seus bolsos de dinheiro, claro.
Como demonstrei em artigo anterior, pesquisas que apontam diferenças de remuneração entre homens e mulheres normalmente baseiam-se em levantamentos de dados estatísticos muito rudimentares, como CAGED e outros.
Tais levantamentos identificam eventuais diferenças “grossas” entre as remunerações de homens e mulheres, mas desconsideram muitas outras variáveis, como produtividade, escolaridade, formação acadêmica, tempo de empresa, disponibilidade para plantões, viagens, etc. Assim, se uma mulher ganha menos do que um homem por ter um diploma de ensino superior menos valorizado que o dele, essa informação fundamental simplesmente anão aparecerá nos resultados.
O problema dos igualitários é desconsiderar completamente que homens e mulheres são diferentes, por natureza. Que questões biológicas e evolutivas têm peso talvez até maior que questões sociais e econômicas na definição de salários e ordenados. É esta a dinâmica por trás de eventuais diferenças salariais de que falou o Amoêdo.
Ademais, a liberdade de mercado já demonstrou ser o melhor remédio contra os preconceitos e a discriminação, entre outras coisas porque discriminar colaboradores, seja pela cor da pele, pelo gênero ou pela religião significa lucrar menos. A própria vocação do livre mercado, portanto, cujos incentivos nos levam a não desprezar os bons negócios, assegura que os gananciosos empresários pagarão mais a quem lhes der melhores retornos.
Ora, por que um empresário, com um mínimo de bom senso e discernimento, pagaria menos a Maria do que a João, sabendo que aquela é mais produtiva e lhe trará maiores retornos do que este? Simplesmente, não faz sentido. Afinal, como sustenta a própria esquerda em suas diatribes anticapitalistas, os empresários são, por natureza, gananciosos – e ganância, como visto acima, não combina com qualquer tipo de preconceito.
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