Por Hiago Rebello, publicado pelo Instituto Liberal
A esquerda não está morta, não está no chão, não está perdida e desorientada, sem ter um norte para se guiar e sem ter meios para formar uma coalizão. A esquerda está viva e forte, ainda tem todas as cartas na manga: a cultura artística, a mídia, as produções universitárias. As universidades estão pululando de autores direitistas? Alguma proposta liberal sendo defendida por grupos militantes em universidades com o mesmo poder de mobilização dos movimentos estudantis da esquerda?
Na cultura midiática em geral, não assistimos a novelas e a filmes nacionais com uma mensagem conservadora, visando os costumes tradicionais do brasileiro, o modelo familiar tradicional, etc.; assim como não vemos nenhuma mensagem conservadora ser transmitida comumente em programas na televisão.
Qual movimento artístico no Brasil, atualmente, se vê influenciado por nomes como o de Roger Scruton? Existe algum novela que mostre a moral religiosa tradicional do Brasil? Agências de propagandas estão promovendo críticas ao progressismo? Para todas essas perguntas apenas um sonoro “não” pode ser respondido.
Mas por que insistir no aspecto cultural? Por um motivo simples: a cultura é a tradução da mentalidade e dos hábitos de uma população. Como você vive dependerá de como pensa e age em determinadas situações. Alguém duvida de que o modo como pensamos e concebemos o mundo é importante para nossas ações práticas nesse mesmo mundo?
Enquanto direitistas ainda não possuem pouca imagem para o grande público, é a esquerda que detém os rostos famosos e os discursos na mídia. Quantos atores da Rede Globo se identificam com a esquerda mesmo? Como são compostas as equipes de redação e de jornalismo? Não vemos direitistas nesses ambientes, salvo algumas poucas exceções.
Mesmo com todas as conquistas conservadoras no país, não possuímos 10% do alcance das principais ideias da esquerda. Não vemos um debate entre distributivismo e liberalismo clássico na televisão, ou se devemos ser mais céticos ou mais crentes a respeito de políticas inovadoras, mas vemos programas matutinos afirmando que o maior problema do país é a “desigualdade” econômica, além das discussões sobre o porquê você não deve achar estranho seu filho começar a querer usar batom e a vestir saias.
Se quisermos criar perspectivas para o futuro, precisamos ser honestos e sérios em análises. Em termos de fixação na sociedade, a esquerda tem um futuro bem mais promissor, em curto e médio prazo, se compararmos com a direita. Perderemos, ainda, muito espaço e voz para o progressismo que, a cada dia, se firma cada vez mais no cotidiano e nas mentes da população.
No futuro, estaremos ainda em um mundo ainda mais louco e bizarro que o atual, mas para saber lidar com a insanidade futura, temos que saber, antes de mais nada, o que é são e o que é insano; saber mapear e identificar o terreno ao nosso redor, distinguir onde seria melhor a nossa presença e, finalmente, como agir.
Não esperem um futuro melhor. Esperem um mundo onde você será multado caso compartilhe um meme que feriu a imagem da esquerda, aguardem um mundo onde tentarão, a todo custo, esconder e calar cientistas que comprovem a irracionalidade da ideologia de gênero, um mundo onde seus filhos não poderão ter a educação que você escolher, mas aquela agendada pelo Estado. Esse futuro negativo não é pleno, não é imbatível ou mesmo absolutamente certo, mas, infelizmente, ainda é muito provável.
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