Por Ricardo Bordin, publicado pelo Instituto Liberal e originalmente pelo blog do autor
Receber convites para assinar petições online, com finalidades as mais diversas, através de e-mail ou redes sociais, é lugar comum nos tempos recentes. Visando desde salvar tartarugas marinhas gigantes até boicotar um determinado produto, tais instrumentos caíram na popularidade virtual por sua capacidade de convencer um grande número de pessoas da validade de suas propostas ou mesmo de sensibilizar autoridades governamentais a tomarem ações conforme as reivindicações. E este é apenas mais um terreno totalmente dominado pelos ditos “progressistas”.
A plataforma canadense Avaaz.org , muito embora conte com menos usuários que sua concorrente Change.org, possui um brasileiro a cada cinco de seus mais de 43 milhões de membros, sendo ela, portanto, a principal ferramenta utilizada por aqui para angariar apoio e visibilidade para determinadas causas por meio da fibra ótica. Muito além das campanhas virtuais, na verdade, várias outras ações (tais como passeatas e atos públicos do gênero) são promovidas por tais organizações no intuito de persuadir o maior contingente possível de pessoas da importância de sua agenda.
A conveniência destes instrumentos digitais tem se mostrado significativa, e os resultados também costumam ser surpreendentemente positivos. Desde aumentar o tempo de travessia de pedestres em semáforos movimentados, passando por exortar empresas a oferecerem ou melhorarem certos serviços prestados, e até mesmo influenciar nos rumos da política: as histórias de sucesso destas correntes transmitidas pelas ondas da Internet acumulam-se e justificam sua prática.
Especialmente em tempos nos quais a tecnologia descentralizada está alterando o equilíbrio de poder em prol do indivíduo, o respeito ao consumidor e ao cidadão tendem a sair favorecidos neste processo no qual inúmeras pessoas compartilham e endossam opiniões ou pleitos de outras – que o diga a United Airlines. No mesmo sentido, assinaturas digitais para proposição de projetos de lei também vem sendo colhidas pelo mesmo método, evidenciando a tendência de advento maciço a tais iniciativas.
Mas o que salta aos olhos é a natureza das pautas que lograram maior adesão no Brasil e no mundo. E seria até oportuno tentar acreditar que trata-se apenas de coincidência ou resultado de maior mobilização de um dos lados o fato de que praticamente todas coincidam com a agenda de esquerda, não fossem as já fartamente comprovadas ligações destas instituições com globalistas como George Soros.
Para o caso de alguém duvidar disso, passemos a examinar quais demandas, nos últimos anos, malgrado os alertas emitidos por muitos cronistas independentes a respeito da inidoneidade destes institutos, mais fizeram barulho, cooptaram “ativistas” e engajaram desavisados. Os dados são do próprio website do Avaaz, organizados em uma seção cunhada “nossas vitórias”. Seria mais sugestivo se fosse denominada “vitórias globalistas”.
1 – Mudanças climáticas: o início do fim para os combustíveis fósseis;
Dificilmente esta lista não começaria com aquela supostamente legítima preocupação ecológica a qual, em verdade, hiperboliza os efeitos da atividade humana sobre o comportamento do clima no planeta e promove, por via reflexa, ações que acabam por travar o desenvolvimento econômico das nações. Alex Epstein, da entidade Center for Industrial Progress, explicou de forma didática, para a Praguer University, os benefícios dos combustíveis compostos de hidrocarbonetos, e como, sem eles (tal qual pretende a campanha do Avaaz), será impossível até mesmo ampliar a utilização de energia solar e aeólica:
Parafraseando o escritor Roger Scruton: “A tradição da esquerda é julgar o sucesso humano pelo fracasso de alguns. Isso sempre lhe oferece uma vítima a ser resgatada. No século XIX era os proletários. Nos anos 60, a juventude. Depois as mulheres, e então os animais. Agora, por fim, o planeta”.
2 – Abrindo nossos corações aos refugiados;
Sim, desta forma melodramática foi intitulada a campanha que visa abrir as fronteiras dos estados nacionais europeus e americanos aos protagonistas da mais nova hégira suscitada pelo islamismo. Com tanta complacência dos ocidentais, fica mais fácil impor a lei da sharīʿah aos “infiéis” não-muçulmanos – muito embora os preceitos desta ideologia disfarçada de religião contradigam totalmente qualquer noção comezinha de direitos humanos. Geert Wilders alertou para este iminente risco que apavora mais uma vez aquele continente:
Tudo bem que, conforme a doutrina de Maomé, mentir é permitido se for para ajudar a propagar o Islam, mas daí a ser otário a ponto de acreditar, são (ou deveriam ser) outros quinhentos. No Brasil, a nova lei de imigração e o dispêndio de dinheiro dos pagadores de impostos para lecionar na rede pública de ensino aulas sobre “cultura árabe e islâmica” (em um Estado tido como laico, diga-se de passagem) mostram que estamos percorrendo a mesma desastrada trilha do Velho Mundo. Ponto para o pessoal tão “bem intencionado” do Avaaz.
3 – Um Marco Civil da Internet para o Brasil;
É claro que a entrada em vigor de uma regulamentação tão prejudicial aos consumidores precisaria ser um dos marcos (sem o perdão do trocadilho) históricos do Avaaz. Como bem elucidou Taiguara Fernandes, quando da derrubada do aplicativo Whatsapp pelo Judiciário: “É por isso que o PSOL e o PT defenderam tanto essa lei iníqua. O medo da liberdade alheia e o desejo socialista de censurar os outros é inevitável para eles. Agora que a população percebe os males do Marco Civil da Internet, eles tentam proteger sua cria com mentiras descaradas, como fazem sempre.”
4 – Palestina: acabando com a ocupação;
Israel, a única nação livre do Oriente Médio, o único país daquela região que adota um código civil distinto da religião predominante em seu povo – justamente por ser o lar da primeira crença no mundo que permitiu esta dicotomia: só podia ser ele o alvo de ataque do Avaaz em meio aos conflitos da faixa de Gaza (“esquecendo”, claro, que antes de falar do conflito Israel-Palestina, muito mais relevante seria notar como Hamas e Autoridade Palestina odeiam-se entre si).
5 – Derrotando um dos políticos mais corruptos do Brasil;
Não. Se você pensou que o mote desta campanha era prender Luiz Inácio, saiba que não há uma única referência ao chefe do esquema do Petrolão – conforme declaração da própria equipe da operação Lavajato – em toda a listagem de campanhas importantes da fundação, nem tampouco qualquer alusão de apoio ao impeachment da Presidenta que nos afundou, após cometer muitos crimes de responsabilidades, na maior recessão da história.
Esta campanha, tão celebrada pelo Avaaz, nada mais era do que o famigerado “Fora Cunha”, e pretendia afastá-lo da presidência da Câmara dos Deputados.
Reparem nas figuras insignes captadas nesta foto utilizada na página em comento para ilustrar a causa: pura coincidência tratar-se de ícones do esquerdismo nacional, por certo.
Está mais do que na cara a correlação direta entre as principais bandeiras patrocinadas pelo Avaaz e a agenda ideológica da esquerda, bem como o alinhamento com os interesses globalistas. Ou seja, não fosse o bastante liberais e conservadores estarem perdendo de goleada a guerra cultural no cinema, na música, nas universidades e em diversos outros espaços, até mesmo este tipo de ferramenta mostra-se totalmente dominada pelo “progressismo” (às avessas).
Um dia desses, eu mesmo recebi em meu e-mail um convite para assinar uma petição online. Para minha surpresa (só que não), tratava-se um abaixo-assinado rejeitando o “discurso de medo, ódio e intolerância” de Donald Trump, o Presidente que já fez mais pela América em 100 dias do que Obama em oito anos. Totalmente dentro do esperado, claro. Mas nada que a opção “bloquear” do servidor de correio eletrônico não resolva.
Não imagine, portanto, que vai ajudar a salvar o mundo, enquanto alivia sua consciência, com um simples clique. Muito pelo contrário!
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