Por Thiago Kistenmacher, publicado pelo Instituto Liberal
Assim como Fernando Holiday, vários são os negros que não caíram nas armadilhas dos escravocratas ideológicos, no entanto, quero focar neste rapaz de apenas 20 anos que, sendo negro, gay, liberal e cristão, é considerado pela esquerda como um traidor, um “Pai Tomás”, para ser mais preciso. De acordo com a mentalidade da esquerda, Fernando Holiday deveria ser comunista, ateu e fazer parte de movimentos negros e LGBT’s, entretanto, ele fez valer a diversidade que a esquerda tanto defende, mas que passa a odiar quando ela se configura em prática.
Só que essa turma não deveria odiá-lo. Seria ela racista? Quando os liberais criticam negros de esquerda, são acusados de racistas. Mas e quando a esquerda ataca um negro liberal? Aí a crítica só diz respeito ao posicionamento político? Contraditório, não? Holiday é mais um negro que a esquerda não conseguiu escravizar.
Algumas questões paradoxais: inúmeros movimentos “sociais” dizem estar ao lado dos negros para acabar com a “hegemonia” branca e, por isso, alegam lutar em favor da diversidade, mas querem algo mais diverso do que um negro que vai contra o discurso dos movimentos negros? Afirmam lutar para que os negros sejam livres, mas o que há de mais livre do que um negro que fala por si próprio sem se alicerçar em coletivos repletos de discursos fáceis e vitimistas? Dizem que o negro deve ser um revolucionário, mas o que seria mais revolucionário do que um negro que defende o liberalismo em meio a um império de esquerda? Enfim, esses coletivos insistem na ideia de que os negros devem ter autoestima e não mais se menosprezarem, mas não é justamente isso que o jovem Fernando Holiday tem feito?
Sabe por que isso tudo é tão paradoxal? Porque a esquerda não quer a abolição da escravidão, pelo menos não da escravidão que promove. Explico. Ela pode ser contra a escravidão abolida em 1888 no Brasil, mas defende a escravidão criada em 1917 na Rússia; é contra a escravidão abolida nos EUA em 1863, porém, relativiza a escravidão criada em 1959 em Cuba. A esquerda quer Fernando Holiday submetido à escravidão ideológica e acorrentado aos seus dogmas na senzala do seu autoritarismo. Como o jovem vereador se insurge contra isso tudo, os descontentes chicoteiam-lhe com a fúria do seu ressentimento.
A coisa é simples. Vejamos. Assim como os escravos só podiam transitar pelas regiões permitidas pelos seus proprietários, os negros de hoje, segundo os revolucionários, só deveriam percorrer os terrenos cercados por suas teorias políticas. O que acontecia se eles, os escravos, resolvessem avançar para além do permitido? Eram considerados fugitivos, eram perseguidos e, por fim, punidos por capatazes. Falando nisso, o que é a patrulha da esquerda senão um grupo de capatazes? O paralelo faz sentido. Quando os militantes esquerdistas tentam calar o negro Fernando Holiday pelo fato de ele se colocar em favor do liberalismo, eles atuam exatamente como os antigos capatazes, que buscavam calar o escravo que discursava em favor de sua liberdade. Fernando Holiday não será propriedade de senhores cuja casa grande está assentada em terras vermelhas nas quais só se cultiva animosidades.
Ademais, a esquerda afirma que os negros deveriam buscar referências nos “seus”, não nos brancos europeus, todavia, enquanto ela se baseia significativamente no branco Karl Marx e no branco Foucault, Fernando Holiday pode contar com as ideias do negro Thomas Sowell, que é liberal e que, evidentemente, é odiado pelos cegos que só conseguem enxergar os outros pela cor da sua pele.
A indignação dos esquerdistas com o liberalismo de Holiday é muito semelhante à indignação dos senhores de escravos quando da abolição da escravatura. Enquanto os primeiros perdem um potencial militante, os segundos lamentavam a perda de uma propriedade. Aliás, é precisamente isso que os movimentos sectários têm como objetivo velado, se apropriar da mente dos negros para que todos se sujeitem ao seu pernicioso apostolado. Do mesmo modo que um senhor de escravos lucrava com a escravização física de um homem negro, a esquerda lucra com sua escravidão mental. Mas com Fernando Holiday e com milhares de outros sujeitos verdadeiramente livres, isso não aconteceu, para desespero dos coletivos escravocratas.
Falando em coletivos, Holiday, em entrevista concedida a Eliana de Castro para a Fausto, declarou: “fui capaz de encarar as adversidades e não fui presa fácil àqueles que queriam coletivizar meus sonhos.”
Por fim, como escreveu a socialista Rosa Luxemburgo, “Quem não se movimenta, não sente as correntes que o prendem.” Fernando Holiday fez isso. Em vez de aguardar pelos slogans odiosos e superficiais, se movimentou. Ciente de que as seitas vermelhas vivem em busca de mentes frágeis para acorrentá-las ideologicamente, observou que a servidão socialista contradizia sua lucidez e não se acovardou. Por isso passou longe da casa grande na qual residem os senhores de escravos contemporâneos.
Espero que tenha ficado claro que a esquerda e os movimento negros não falam em nome de todos os negros, mas somente em nome dos negros vermelhos. Um negro, gay, liberal e cristão é uma chibatada nas costas da esquerda.
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