Por Adolfo Sachsida, publicado pelo Instituto Liberal
A inflação brasileira medida pelo IPCA fechou 2016 em 6,3%, dentro do intervalo da meta, e bem abaixo dos 10,6% de 2015. Não restam dúvidas que tal desempenho surpreendeu positivamente a esmagadora maioria dos analistas de mercado, jornalistas econômicos, e economistas em geral. Então resta a pergunta: por que a inflação brasileira, medida pelo IPCA, caiu?
Como a dívida pública e a questão fiscal continuam calamitosas, e a taxa de juros subiu ao longo do ano passado, me parece que a explicação de dominância fiscal não é a resposta. Note que a questão de dominância fiscal pode sim ter desempenhado papel importante entre 2014 e 2015, mas não parece ter sido a razão da queda da inflação em 2016. Aos que quiserem um estudo mais técnico, sugiro o artigo de Mendonça, Moreira e Sachsida (2016).
Outra explicação é a curva de Phillips: a enorme recessão puxou para baixo a inflação. Muitos defendem essa explicação, eu discordo. Vários de meus estudos técnicos mostram que a curva de Phillips não pode ser usada para explicar a inflação no Brasil. Aos que quiserem um estudo mais técnico, sugiro a leitura da revisão de literatura sobre o tema feito por Sachsida (2014) (publicado na Revista Brasileira de Economia).
Os estudos técnicos que realizei sobre a dinâmica da inflação no Brasil (medida pelo IPCA) me levam a apontar as expectativas de inflação como o principal componente da inflação brasileira. Você pode ler um desses estudos clicando aqui.
Em resumo, minha explicação para a queda da inflação brasileira foca nas expectativas de inflação. Com a mudança de governo no meio de 2016, e a consequente mudança nos rumos da política monetária, ocorreu um aumento significativo na credibilidade do Banco Central. Tal aumento de credibilidade ancorou as expectativas de inflação fazendo com que a mesma caísse ao longo do ano. Sendo assim, deixo aqui meus parabéns a toda equipe do Banco Central do Brasil. Outras vezes fui bem crítico com vocês, mas aqui não restam dúvidas (de minha parte) que o Banco Central do Brasil fez um excelente trabalho.