Acabo de publicar um texto sobre a notícia de que a Fox News bateu novos recordes de audiência, desbancando as duas principais adversárias juntas. Termino meu texto alegando que há uma enorme demanda reprimida para um canal com esse perfil no Brasil, mas por algum motivo qualquer, nenhum empreendedor tem a coragem ou o desejo de seguir nessa direção. Por quê? O que está em jogo aqui? É um paradoxo. Paulo Figueiredo fez um longo comentário sobre isso também:
Qual é a rede notícias mais importante da TV americana? Se você acha que é a CNN, pense de novo. Ao contrário do que acha a turma da GloboNews, aqui só dá Fox News. Leiam o texto abaixo.
Um dia passei umas duas horas conversando com o Alexandre Borges tentando entender, como empresário, porque donos de empresas de mídia, vendo o declínio da tiragem dos seus jornais, da audiência de suas novelas, da reputação das suas empresas, insistem em um conteúdo esquerdoso.
Se a população brasileira é, em sua imensa maioria, cristã, heterossexual, ordeira e muito apegada à família, por que os jornais brasileiros parecem cada vez mais com os jornais do DCE da UERJ? Por que as famílias de novelas são sempre desestruturadas, cheias de “diversidades” completamente desproporcionais à realidade? Por que pichadores são retratados como artistas e os bandidos como vítimas? Por que a verdadeira religiosidade do povo nunca é vista na TV, exceto num culto às religiões afro, Islã, budismo e qualquer coisa que não seja cristão?
Não é natural que um empresário da mídia de massa ofereça para consumo um produto condizente com seu mercado? Será que os donos de empresas de mídia não percebem seu declínio, enquanto as novelas religiosas da Record batem (perdão) recorde? Será que não percebem o fenômeno da Editora Record com o trabalho magnífico do Carlos Andreazza? Será que não percebem o sucesso do blog do Rodrigo Constantino, da página do Senso Incomum, ou do próprio Alexandre Borges, ao mesmo tempo que a maior revista do Brasil comete suicídio com uma guinada à esquerda?
Felizmente, o capitalismo é implacável: empresários que não escutam seus mercados, morrem. Todas as empresas de notícias de esquerda passam duríssimas dificuldades financeiras, enquanto culpam “mudança do mercado com a internet”. Cada vez mais, jornais como The New York Times ou The Washington Post acabam sendo comprados por bilionários que não se importam em perder alguns milhões em troca de uma decadente influência na opinião pública. Carlos Slim e Jeff Bezos que o digam.
Mas a Fox News vai bem, obrigado.
De fato, não é trivial explicar esse paradoxo do mercado brasileiro: há grande demanda não atendida, e os empresários insistem em oferecer conteúdo inadequado, feito sob medida para uma pequena elite “progressista” que vive numa bolha onde tudo que é bizarro e disfuncional é tido como “normal”, enquanto o normal é tido como “ultraconservador” e “reacionário”. Como pode?
Arrisco algumas teses. Quem leu A Nascente, de Ayn Rand, sabe que o dono do jornal ou canal não tem esse poder absoluto sobre eles, já que os sindicatos podem inviabilizar as operações. O vilão do romance era justamente um “intelectual” que lidera os protestos dos idiotas úteis e toma o controle na prática do jornal. Se isso é factível nos Estados Unidos, imaginem no Brasil.
A maioria dos profissionais da área chega deformada pelas faculdades de jornalismo, eivada de socialismo, moldada pelos “intelectuais” de esquerda. O staff tem muito poder, como sabemos. Enquanto os militares perseguiam politicamente os comunas, a cultura ficou toda entregue aos vermelhos. São os diretores de novelas que mandam, não os Marinho. É estranho que seja assim, mas, pelo visto, é mesmo. E a pauta dessa turma não poderia estar mais distante da pauta popular.
Essa gente acredita mesmo que casamento gay, legalização de aborto e drogas e “marcha das minorias oprimidas” são as grandes questões da era moderna, da liberdade. O povo não quer saber de nada disso, mas a galera insiste, pois narciso acha feio o que não é espelho. Esse pessoal olha no espelho e jura que enxerga o reflexo do povo, enquanto vê somente a imagem de uma alma distorcida pela subversão de valores morais.
Outro ponto talvez seja o fenômeno da “elite culpada”, que estudo no meu Esquerda Caviar. Muitos dos atuais donos desses veículos de comunicação são herdeiros. Seus pais construíram os impérios, e souberam bater nos socialistas quando preciso. Mas eles sofreram tanta campanha de difamação por parte da esquerda, que os associou ao regime militar e reescreveu a história para transformar comunistas em defensores da democracia, que esses empresários quase pedem desculpas aos extremistas hoje. É a velha síndrome de Estocolmo, ou, se preferirem, coisa de “mulher de malandro”. No Brasil temos até banqueiros socialistas!
Existe, ainda, o lado financeiro. Não só o governo costuma ser anunciante importante, como pode intimidar anunciantes da iniciativa privada, especialmente num país com tantas leis absurdas e arbitrárias, que tornam o empresário um refém do estado. Como o cão não morde a mão que o alimenta, e a dependência do governo pode ser grande, não há tanta preocupação com a demanda propriamente dita.
Por fim, há o aspecto da concessão estatal no caso da TV aberta. Como o governo pode controlar se renova ou não a concessão, o dono do canal sempre terá receio de partir para cima do governo com vontade. É um modelo que ameaça profundamente a liberdade de imprensa em nosso país, e a TV aberta ainda é muito relevante.
Acho que esses fatores ajudam a explicar esse paradoxo. Ainda assim, não parece sustentável esse quadro, pois o próprio capitalismo oferece cada vez mais alternativas aos telespectadores, pela internet mesmo. A tendência, creio, será de esvaziamento gradual dos programas desses canais “progressistas”, que ficarão cada vez mais apelativos para atrair um público vulgar. Basta pensar no “Esquenta!” de Regina Casé ou em “Amor e Sexo” de Fernanda Lima, ou então na grosseria crescente dos programas de humor.
Em suma, arrisco uma reposta à pergunta no título do texto: porque ainda não surgiu um empresário com a coragem necessária para remar contra a maré vermelha, os sindicatos, a própria elite “progressista”, o governo poderoso, o politicamente correto, e finalmente atender as demandas do grande público, do consumidor, do telespectador. Quando isso acontecer – e acho que vai acontecer – veremos o nascimento da Fox News do Brasil, que chegará ao topo com relativa rapidez, surpreendendo a elite vermelha que fala em nome do povo, mas não sabe nada a seu respeito.
Rodrigo Constantino
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