Antes de mais nada, gostaria de registrar com algum atraso meus parabéns a Artur Avila pela Medalha Fields, considerada o “Nobel da matemática”. Avila é meu conterrâneo, um carioca com apenas 35 anos e pesquisador do Instituto de Matemática Pura e Aplicada (Impa). Foi o primeiro brasileiro a receber tal prêmio, o que merece efusivos aplausos e serve de grande estímulo aos mais jovens.
Como disse Carlos Heitor Cony na rádio CBN hoje, o Brasil não tem tanta tradição em ciências exatas, apesar de ter ótimos pesquisadores na área. Historicamente, sempre demos mais peso às ciências humanas, o que talvez explique em parte nossa desgraça. Há muito antropólogo, filósofo, psicólogo, historiador e sociólogo, quase todos de esquerda, para pouco matemático, físico ou engenheiro. Somos bem diferentes dos asiáticos nesse quesito.
Nesse texto, pretendo apenas lançar algumas reflexões acerca do evidente sucesso do Impa, que já foi chamado de “Harvard brasileira” muito antes do prêmio, até porque coleciona diversos outros no currículo. Trata-se, sem dúvidas, de um instituto de pesquisa com enorme prestígio no país e no mundo. Por que?
Para começo de conversa, o Impa preza muito a meritocracia. É, nesse sentido, uma instituição elitista, sem preocupação com o preconceito que tal termo carrega hoje em nosso país. São poucos pesquisadores, pois a “democratização” do ensino, para usar o termo em voga pela esquerda, seria sinônimo, naturalmente, de caminhar rumo à mediocridade.
Em outras palavras, é preciso ser realmente diferenciado e demonstrar uma inteligência e um esforço acima da média para chegar e continuar ali. Cotas raciais? Inclusão social? Redução do nível de cobrança para abarcar o menor denominador comum? Nem pensar! Essas coisas não entram ali, e por isso mesmo o Impa pode preservar sua busca por excelência.
Em compensação, e por ser uma autarquia, o Impa paga bons salários, também acima da média, como deve ser para valorizar o mérito. Mas não pensem que é parecido com o que costuma ocorrer nas universidades federais e estaduais, com salários razoáveis, mas pouca cobrança. Os pesquisadores, para manter seu tenure, precisam entregar resultado. Não fazem concurso e depois se acomodam, como muitas vezes vemos nas federais. Precisam trabalhar mesmo, produzir, para garantir seu espaço.
O Impa também abraçou com vontade o mundo globalizado, compreendendo que o conhecimento relevante não tem nacionalidade. Preconceito com o estrangeiro, com o inglês, como vemos com frequência em nossa elite “intelectual”? Piada. Como diz a reportagem da Veja de 2011:
Pelos corredores, o silêncio monástico é cortado de tempos em tempos por diálogos em português, inglês, francês e espanhol. Não raro, incorporam-se a essa babel de idiomas expressões em russo e mesmo persa, uma das línguas mais antigas do planeta.
Ambiente estimulante e aberto para quem realmente quer pensar e pesquisar, assim é no Impa. E aceita doações também, de ricos empresários que desejam contribuir com seu avanço e ter uma cátedra com seu nome em contrapartida.
Ou seja, o Impa é a instituição brasileira de ensino avançado que mais se parece com as americanas. Por isso o rótulo de “Harvard brasileira” é justo. Ficou blindado da poluição ideológica que assola nosso país. Como diz a conclusão da reportagem: “As portas estão abertas. Mas apenas para os melhores”. E é graças a isso que saem de lá pesquisadores como o jovem Artur Avila. Parabéns!
PS: Nas áreas de humanas das federais e estaduais temos “professores” que se mascaram de black blocs e “ensinam” a seus alunos as “maravilhas” do marxismo. Marilena Chaui, da USP, ganha um belo salário para ficar acusando a classe média de ser “fascista” e despejar todo seu ódio contra trabalhadores “burgueses”. Guilherme Boulos, (de)formado em filosofia também na USP, lidera um grupo de invasores criminosos, financiados ninguém sabe direito por quem, para implantar no Brasil o “lindo” modelo cubano. Camila Jourdan, que dá aulas de filosofia na Uerj, foi até presa recentemente. Como cobrar bons resultados assim?
Rodrigo Constantino