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Por que o “Sou do Rio” da Firjan é legal e o “Buy America” do Trump não?

Fonte: Globo (Foto: )

Deu na coluna de Ancelmo Gois e foi confirmado por reportagem que a Firjan está promovendo a campanha “Sou do Rio”, para estimular a venda de produtos fabricados no estado:

Não basta ter qualidade e preço, é importante ter sido produzido no Rio. Esse é o espírito da campanha “Sou do Rio”, que começou com um movimento entre empresários fluminenses de vários setores e que a Federação das indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) acaba de aderir e lançar, conforme antecipou nesta terça-feira o colunista ANCELMO GOIS. O objetivo da campanha, de acordo com Sérgio Duarte, vice-presidente da Firjan, é incentivar o consumidor a usar produtos fabricados no estado e, com isso, estimular a economia gerando emprego e renda. 

– Nós queremos que o movimento chegue ao consumidor. Que ao olhar a qualidade e o preço de um produto, que o desempate seja escolhendo o produto fabricado no Rio, para ajudar o estado a gerar emprego, renda e sair dessa crise econômica – destacou Sérgio Duarte.

O executivo ressaltou que existem muitos produtos – de alimentação, limpeza e têxtil – que são fabricados no estado.

– Do biscoito Piraquê às massas nápoles, a inúmeros outros produtos tradicionais que são fabricados no Estado, queremos estimular o fortalecimento da economia fluminense – destacou Duarte, lembrando que esse movimento já vem sendo feito pelas próprias indústrias ao contratarem seus fornecedores.

Segundo a Firjan, o consumidor é fundamental para a transformação do Estado do Rio, e por isso o movimento busca “alertar para a importância de conhecer a origem dos produtos”. De acordo com o executivo, o objetivo do movimento é que, cada pessoa ou um serviço, confira o rótulo e veja onde o mesmo foi produzido.

Sérgio Duarte lembrou que a ideia da campanha, no fundo, segue uma tendência mundial de defesa e consumo de produtos locais.

Nada contra uma campanha para fomentar os produtos locais. Enquanto a escolha do consumidor permanecer livre, voluntária, tudo bem. Faz parte do livre mercado, da propaganda e do marketing, das características subjetivas que cada um leva em conta na hora de comprar o produto.

Preço, qualidade, local de fabricação, se foi produzido de forma “ecologicamente correta”, tudo isso pode ser incluído na equação individual no momento da compra. Como economista liberal, sou cético aos apelos mais “humanistas” e intangíveis, pois ninguém pergunta ao vendedor de carro se quem o fabricou é gente boa, tem dificuldades financeiras na família, defende o planeta ou é patriota. Quer bom produto e preço baixo mesmo, itens mais objetivos.

Mas repito: uma campanha de marketing é legítima, parte do próprio mercado, tentando criar um elo afetivo entre o produto e o consumidor para além da qualidade e do preço. Desde que isso não seja imposto ao consumidor, está tudo certo.

O que me leva, então, a perguntar: por que essa campanha da Firjan é legal, mas o “Buy America” estimulado por Trump é prova de sua “xenofobia”? Não são essencialmente a mesma coisa? Confesso não conseguir enxergar qualquer diferença. Os industriais cariocas querem o “Buy Rio”, e Trump quer o “Buy America”. Cada um puxando a sardinha para seu lado.

Claro, se Trump realmente criar sobretaxas a produtos importados, isso é forçar o nacionalismo, e deve ser condenado por qualquer liberal. Se Trump der uma de Ciro Gomes mesmo, aí deve ser duramente criticado. Mas até aqui foi muito mais gogó do que qualquer medida concreta, ou seja, jogo de marketing nacionalista, de quem é empresário e sabe vender seus negócios e marca como poucos.

É até curioso ver que a notícia saiu na coluna de Ancelmo “Ivan” Gois, o esquerdista que costuma reagir a palavras estrangeiras, especialmente inglesas, com “é o cacete!”. O nacionalista de esquerda, pelo visto, só acha bom o nacionalismo dos seus, não o dos outros. É isso?

De minha parte, pretendo continuar comprando os melhores produtos, sem ligar muito para onde foram fabricados. Acho que não é por aí que vamos recuperar a indústria carioca, em crise por conta de sucessivos governos irresponsáveis, uma violência fora de controle, um fracassado experimento “progressista”. O que vai salvar ou criar empregos são leis trabalhistas flexíveis, menos poder sindical, menos impostos etc.

E sim, os biscoitos da Piraquê têm espaço garantido na lista, mesmo aqui em Weston, pois são bons, não porque são do Rio. Já certas novelas “fabricadas” no Rio eu faço questão de não ver…

Rodrigo Constantino

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