Olavo de Carvalho, o “guru” do presidente Bolsonaro, é uma metralhadora giratória contra tudo e todos. Com suas mensagens repletas de adjetivos, rótulos e xingamentos, qualquer um que desvie uma vírgula de sua cartilha é logo tratado como inimigo, idiota, vendido. Seus “alunos” aprenderam as mesmas táticas. Mas, curiosamente, sempre que alguém tece críticas ao filósofo é recebido por uma horda intolerante que age como manada para tentar calar o crítico.
Nesse sentido, são muito parecidos com os “bolsominions”. Tenho vários artigos elogiando coisas do governo Bolsonaro, mas quando escrevo alguma crítica, viro um “traidor”, alguém que se vendeu, um “comunista”. É tudo ou nada. Típico de seita fanática. Se você criticar Olavo, apontar incoerências, a turma logo puxa da cartola Ciro Gomes para me “humilhar” (risos), ou o apelido Rodrigo Cocô Instantâneo criado pelo mestre.
Os mais “razoáveis” deixam de te seguir, apontam para sua “obsessão” (devo ser obcecado pelos petistas então) ou questionam o motivo de “fogo amigo”, sendo que Olavo pode soltar fogo em todos que está tudo bem: o velho caçador de ursos tem salvo-conduto para agir como quiser, e se você reagir, a culpa é sua! O que você já fez pelo Brasil? Olavo criou a direita!!!! É a narrativa mais bizarra que existe, mas engana trouxas por aí.
Sejamos claros ao dizer o óbvio: por que criticar Olavo? Ora bolas! O homem é o “guru” do presidente, seus filhos, influentes na gestão do pai, declaram abertamente o apoio ao filósofo, que chegou a “emplacar” dois ministros e criou uma quizumba no MEC. Está de bom tamanho ou quer mais? Por que não deixar Olavo em paz? Simples: porque ele não deixa o Brasil em paz, e usa sua influência para espalhar intrigas, confusão e ódio. E tudo isso em nome da direita!
Eduardo Bolsonaro saiu uma vez mais em defesa de Olavo e alegou que ele está no seu papel de crítico. Mas não quer ser criticado? Banca a vítima quando isso acontece? Finge ser alvo de uma terrível conspiração internacional? Vejam que mesmo quando alguém culto como Martim Vasques da Cunha publica uma crítica com mais de 50 páginas à filosofia controladora de Olavo, demonstrando que conhece a fundo sua obra, a reação é a mesma de um típico esquerdista: fuga, ataque ad hominem, baixeza moral, como mencionar coisas do passado familiar do crítico. Ataca-se o mensageiro para não rebater a mensagem. Comentei sobre isso no meu Face:
Sim, precisamos falar sobre Olavo. Infelizmente. Alguém com esse perfil ter influência no governo é temerário. Olavo transformou o vice-presidente Mourão num petista infiltrado, por exemplo. Eis o nível de intrigas geradas pelo filósofo. Alguém acha mesmo que está ajudando o Brasil? Que está contribuindo para o avanço da direita conservadora?
Olavo pode ter abandonado o marxismo, mas o marxismo nunca o abandonou. Ao menos os métodos dialéticos persistem. Senão, vejamos: Olavo foi favorável à greve “revolucionária” dos caminhoneiros, apenas para depois criticar seus resultados; ele apoiou Bolsonaro e conseguiu indicar dois ministros, mas pouco depois repetiu que sempre disse não ser o momento de uma vitória política, afastando-se de forma tática da gestão atual; Ricardo Vélez foi uma de suas indicações, mas agora já se torna alguém distante e não há qualquer responsabilidade pela sugestão do seu nome. Percebem o modus operandi? É por isso – e só por isso – que Olavo “está sempre com a razão”. Porque ele diz coisas contraditórias o tempo todo!
E claro, se você aponta tais incoerências, só pode ser porque tem “dor de cotovelo”, é um “invejoso”, quer chamar a sua atenção, ou não entendeu nada da visão holística de mundo do filósofo, algo que só quem faz seu curso online (e se mantém leal) consegue. Se você não compreende as declarações aparentemente contraditórias do homem é porque não tem inteligência suficiente para ver suas lindas roupas invisíveis. Soa familiar?
Olavo não criou a direita brasileira. Não é o responsável pela vitória de Bolsonaro (alguém acha mesmo que 57 milhões de eleitores leram ou sequer sabem quem é Olavo?). Ao contrário: sua postura faz mal ao avanço do movimento conservador brasileiro. Ele claramente não foi capaz de criar uma elite intelectual focada no resgate da alta cultura. Nada perto disso. Seus seguidores mais próximos, os olavetes, mais parecem um bando de puxa-sacos cegos, leais ao guru acima de tudo, não às suas ideias. É postura de seita mesmo. Olavo é o Osho da política nacional. E isso precisa ser exposto por razão muito simples: o núcleo do poder leva a sério o que esse homem diz!
Rodrigo Constantino
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