Por Lucas Pagani, publicado pelo Instituto Liberal
(Contém Spoiler)
No segundo episódio da última temporada da série, na sala de guerra, Bran fala sobre como o rei da noite sabe onde ele está pela marca que carrega consigo, e o indagaram sobre o porque de estarem atrás dele, o Corvo de Três Olhos.
Bran responde: “Eu sou a memória desse mundo. Ele quer apagar esse mundo, quer matar todos. Ele é a própria morte”.
No discurso do gordinho Samwell Tarly que ainda, por deus, não sofreu um ferimento sequer em todo desenvolvimento do Game of Thrones, fez um belo raciocínio:
“Sem a história, antepassados e mitos, não somos pessoas, somos apenas animais, se eu fosse o rei da noite, e, quisesse destruir tudo a todos, você seria o meu primeiro alvo”.
Essa noção é a noção da verdadeira razão do homem ser pessoa (não apenas um animal).
O homem só é homem quando compreende de onde veio, para onde vai, quem ele é, de fato.
Essa compreensão é enraizada em mitos, mas, sobretudo, na noção da continuidade eterna da comunidade que se insere.
Utilizando das palavras de T. S. Elliot: “A comunicação dos mortes se propaga – língua de fogo – para além da linguagem dos vivos.”
Somos pessoas, porque compreendemos que existiram outros do passado, aqueles que existem com a gente e aqueles que virão à existir. Somos uma ligação eterna entre passado, presente e futuro.
A ligação do homem de pertencimento, sentido e compreensão da própria condição de si o faz pessoa, saindo da condição de animal, puramente.
Ao apagarmos uma parte da história, apagamos à nossa memória de quem fomos e somos.
P.s: O seriado é, também, uma bela obra filosófica.