Por Marcel Balassiano, publicado pelo Instituto Liberal
Em 2016, o Brasil apresentou uma queda real do PIB de 3,6%, depois do recuo de 3,8% em 2015. Há oito trimestres consecutivos que a taxa real de crescimento, na comparação com o trimestre imediatamente anterior, é negativa. Na comparação com o trimestre do ano anterior, já são onze trimestres de crescimento real negativo. De acordo com o Comitê de Datação de Ciclos Econômicos (CODACE) do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas, a recessão atual começou no segundo trimestre de 2014.
Segundo a série histórica das taxas reais de crescimento do PIB brasileiro do Ipeadata, com início em 1901, o biênio 2015-2016 foi o pior da história brasileira! Com exceção do período atual, a única vez em que o Brasil apresentou dois anos seguidos de taxa real de crescimento do PIB negativa foi em 1930 e 1931, logo após a Crise de 29! Em 1930 a queda foi de 2,1%, e, em 1931, o recuo foi de 3,3%. Ou seja, a queda do biênio 2015-2016 (-3,7% ao ano, em média) foi maior do que o recuo do biênio 1930-1931 (-2,7% a. a., em média).
O setor de serviços, responsável por mais de 60% do PIB, recuou 2,7% em termos reais, em média, nesses dois últimos anos. Já são oito trimestres consecutivos em queda (em relação ao trimestre imediatamente anterior). A indústria apresentou uma queda, em média, de mais de 5,0% a. a., em termos reais, nesse último biênio. Já o recuo da agropecuária foi menor, de 1,6% a. a., em média.
Pelo lado da demanda, o consumo das famílias recuou, em média, 4,1% a. a., em 2015 e 2016. Há oito trimestres consecutivos que a taxa real de crescimento, na comparação com o trimestre imediatamente anterior, é negativa. A formação bruta de capital fixo apresentou uma queda de 12,1%, em média, nesse último biênio, e o consumo do governo, -0,8% a.a. nesse mesmo período. A importação caiu 12,2% a.a., em média, e a exportação, único dado positivo, cresceu 4,1% a.a., em média.
Como já se sabe, essa forte deterioração da economia é reflexo, em grande parte, das medidas da “Nova Matriz Econômica” (NME) que os governos petistas implementaram nos anos passados. As previsões indicam que já nesse primeiro trimestre de 2017 a economia deve apresentar um ligeiro crescimento, com um fortalecimento maior no segundo semestre. Porém, a mediana das expectativas de mercado apuradas pelo boletim Focus projeta um crescimento de 0,5% esse ano. Com isso, após o leve crescimento de 2014 (0,5%), recessão em 2015 e 2016, e uma retomada tímida esse ano, nos leva a um quadriênio (2014-2017) de queda real do PIB de aproximadamente 1,5%, a.a.. Sinal de que os erros cometidos no passado foram muitos!
Sobre o autor: Marcel Balassiano é mestre em Economia Empresarial e Finanças pela Escola de Pós-Graduação em Economia (EPGE), mestre em Administração pela Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas (EBAPE) e bacharel em Economia pela Escola Brasileira de Economia e Finanças (EBEF), todas da Fundação Getulio Vargas (FGV).
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