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A praça é nossa: o humor involuntário da extrema-esquerda

O protesto petista no Largo da Batata em SP hoje estava bem cheio... de espaços vazios! É, extrema-esquerda, nem com showzinho grátis e artista global dá mais. Acabou a mortadela, foi? Talvez, mas o que acabou mesmo foi a narrativa. Quem ainda não sabe que o discurso dessa turma é completamente hipócrita?!. FOTO AMANDA PEROBELLI/ESTADAO (Foto: )

Nada como a extrema-esquerda que “pensa” (finge) falar em nome do “povo”, essa abstração. Quando vários milhões de brasileiros vão às ruas espontaneamente pedir o impeachment de Dilma, isso é um “golpe das elites”; mas quando uns gatos pingados aparecem numa praça para um showzinho gratuito, mortadela e selfie com atores globais, isso é o povo brasileiro clamando por “Diretas Já”.

Chico Alencar, deputado do PSOL, linha auxiliar do PT, escreveu um artigo no GLOBO hoje em que diz exatamente isso. O socialista “acha” que fala em nome de mais de 140 milhões de brasileiros! E com base em qual evidência, exatamente? Ah sim: uma turma alienada se reuniu na praça. A praça é nossa!

E, como consequência lógica, o Brasil todo também. É o humor involuntário da extrema-esquerda, que quase mata a gente de tanto rir. Diz o defensor do modelo venezuelano (Diretas Já lá nem pensar, né?), no “jornal golpista de direita”, fazendo uma analogia patética e canalha com o movimento dos anos 1980:

Na nossa história recente, à luta contra a censura, a tortura e o arbítrio seguiu-se a campanha pelas Diretas Já, em 1984. Um marco de mobilização cidadã que culminou na promulgação da Carta Magna de 1988, a mais democrática que o Brasil já teve.

[…] Quinhentos e noventa e quatro deputados e senadores não podem substituir 144 milhões de eleitores!

[…] Quando a praça, com força, alegria e arte, grita por diretas já, ela está dizendo mais: brada pelo fim de um governo repleto não de notáveis, mas de notórios investigados; quer preservação de direitos duramente conquistados; exige um novo modelo político, livre do poder econômico, com pleitos limpos e candidaturas programáticas, assegurada a igualdade na disputa. Quer que todo governo só implemente o que foi aprovado pela soberania popular, repudiando o costumeiro estelionato eleitoral ou a imposição de políticas jamais submetidas ao juízo da cidadania. A rigor, na degradação a que chegamos, o ideal seria a antecipação de eleições gerais.

Os que rejeitam a manifestação da vontade popular alegam que eleição direta agora é “anarquia” (!), e fere o princípio da antecedência de um ano para mudanças no processo eleitoral.

E tudo isso o socialista concluiu ao ver aquela turminha sob efeito da erva na praça? Sério? Eu não dei procuração para que socialistas falem em meu nome. Eu não autorizei artista maconheiro engajado a me representar. Como eu, sei que milhões e milhões pensam da mesma forma. Tanto que o protesto foi um retumbante fracasso, que só a “mídia golpista de direita” não viu. E no entanto o deputado do PSOL acha que fala em nome de todos nós!

Mario Vitor Rodrigues, que foi verificar o que se passava na praça, conta sua experiência, comparando-a com outra manifestação ocorrida em 2013 em Paris:

Se me surpreendi com a pinta da turma? É claro que não. Estavam todos lá, do rapaz que considera chique deixar a barba desgrenhada à menina descolada da zona sul com consciência social, incluindo até um sujeito alto pacas, que, à guisa de reforçar o estereótipo, usava um capacete de operário.

Lugares-comuns à parte, foi o coro entoado em uníssono o que mais me impressionou: “reaça, vaza dessa praça!”

Rio, junho de 2017. Nada mudou. Convenhamos, não haveria por que ser diferente. Filhos de uma geração tão sonhadora quanto inescrupulosa, avessa a princípios éticos e incapaz de fazer um sincero mea culpa — salvo raras exceções, como os saudosos Ferreira Gullar e Paulo Francis, sem falar no ainda vivíssimo Fernando Gabeira —, aqueles que hoje beiram os quarenta anos são duplamente protagonistas.

Primeiro, pelo processo de doutrinação ao qual foram submetidos. Ainda na escola, passando pela faculdade, nos shows de rock ou lendo revistas e jornais, poucos não ficaram expostos ao típico discurso da esquerda, que visa dividir a sociedade por meio de falsas dicotomias.

Em segundo lugar, pela postura subserviente durante esse mesmo período e até hoje em dia.

Digo, não há justificativa que absolva a preguiça do sujeito em buscar um contraponto. Com o advento da internet, então, chega a ser impensável que um jovem de classe média, como os que estavam em Paris há 4 anos ou em Copacabana há poucos dias, se furte a estudar, de modo a diminuir as chances de comprar conversa mole de político ou ideologias bizantinas.

Se deixei a praça? Correndo.

Meu ouvido não é penico e estou ficando velho para aturar essa moçada cada vez mais  disposta a regurgitar autoritarismo.

Ou seja, Mario Vitor já não está entre os que Chico Alencar “pensa” representar. Aliás, quantos votos o deputado teve mesmo? Quantos votos o seu PSOL teve? E quantos votos Jair Bolsonaro, por exemplo, teve? Foi o deputado mais votado no Rio. Só que Bolsonaro, pela ótica de Alencar, não representa ninguém. Ou melhor, representa os fascistas que odeiam o povo, este que só a extrema-esquerda defende.

É por esse tipo de mentalidade, que confunde seu mundinho com a realidade, que o ator global Bruno Gagliasso fez um papelão esses dias, ao se recusar a ficar ao lado de Bolsonaro durante evento de luta do UFC. De quem vem o ódio? Onde está o preconceito? Sobre o caso, cheguei a comentar:

Imaginem a cena: atorzinho chega em evento e se depara com Jean Wyllys na cadeira ao lado. Dá piti, faz chilique, vai embora enfezadinho e posta na rede social que já está bem longe do deputado, como quem se livrou da peste em forma de gente. Agora pergunto: qual seria a reação da imprensa? Quantos painéis a BoboNews faria sobre a “intolerância da direita” e o “ódio conservador”? Pois é. Mas todos sabemos que isso não aconteceria. Não existem atorzinhos conservadores…

Na verdade, podem até existir, mas sofrem ostracismo e ficam “dentro do armário”, e também não agiriam dessa forma deselegante e preconceituosa. Mas eis o ponto: essa turma acha que representa o povo, o mundo todo, a verdade e a bondade, e por isso pode ser tão incoerente, ignorar milhões de pessoas que dela diverge, pregar a tolerância enquanto pratica o ódio.

A praça vazia de Chico Alencar é a metáfora perfeita da esquerda radical: só consegue atrair uns poucos idiotas, mas passa a enxergar aquele grupelho como se fosse a Humanidade toda. É um espanto! O “outro” não existe. A esquerda elimina milhões de pessoas para concluir, depois de monólogos no DCE, que “o povo” está do seu lado. E do lado de direitista eles se recusam a ficar, claro…

Rodrigo Constantino

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