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Pré-candidato democrata é vaiado em convenção por rejeitar socialismo na saúde

O Partido Democrata já tem mais de 20 pré-candidatos para disputar o cargo com Donald Trump em 2020, então o leitor está totalmente perdoado se não souber quem é John Delaney. Ele é apenas mais um nessa corrida, e está entre os mais desconhecidos. Mas ganhou alguma notoriedade pelo que aconteceu na convenção recente do partido.

Em seu discurso, Delaney ousou questionar a sabedoria do Medicare For All, a grande bandeira democrata para 2020, que prega basicamente o socialismo no setor de saúde. O Medicare de Obama, como ficou claro e conforme alertado pelos republicanos, era apenas uma etapa, um estágio intermediário para o socialismo total.

Denaley disse que, apesar de defender uma saúde universal, ele não acha que o caminho seja o ato pregado por Bernie Sanders, Alexandria Ocasio-Cortez e demais socialistas assumidos do partido. Afinal, como os conservadores mostraram, esse projeto significaria, na prática, impedir mais de cem milhões de planos privados de saúde hoje existentes. O estado teria que acabar com essas trocas voluntárias entre cidadãos e empresas.

Ao dizer o óbvio, porém, o pré-candidato foi… vaiado! Isso mesmo. O público da convenção não gostou nada do choque de realidade trazido pelo palestrante, pois prefere as ilusões coletivistas dos demagogos como Sanders e Ocasio-Cortez. Esta, aliás, aproveitou para criticar duramente seu colega de partido.

“Nós como democratas temos que construir uma economia que funcione”, disse Delaney, uma declaração totalmente fora de sintonia com os democratas modernos, com a “fresh face” que ontem era atendente de bar e hoje é especialista em tudo, oferecendo seu plano stalinista Green New Deal como prova.

“Devemos ter atendimento universal de saúde, mas não deve ser o tipo de assistência médica que tira 150 milhões de americanos de seus cuidados de saúde”, continuou Delaney. “Isso não é uma política inteligente. Quero que todos tenham cuidados de saúde, mas tem que ser um plano que funcione para todos os americanos”. Ocasio-Cortez achou a fala tão absurda que defendeu a retirada do companheiro da corrida eleitoral:

Quem não acompanha de perto política americana, ou segue apenas a nossa imprensa “progressista”, ainda acha que os democratas são moderados com inclinação social-democrata. Nada mais longe de verdade! Hoje, são um bando de lunáticos socialistas, aprisionados na política de identidades e com ideias estapafúrdias e extremistas.

Ao menos assim é a base do partido, a militância engajada, os mais jovens, os que dão o tom geral. Talvez exista ainda uma maioria moderada silenciosa, mas se for o caso, ela tem muito medo de confrontar os loucos. Tanto que cada vez mais pré-candidatos adotam o discurso radical, num torneio para ver quem se mostra mais socialista.

Um que prefere não seguir nesse caminho é Joe Biden, o ex-vice de Obama. Não por acaso é o favorito. Fica se fingindo de morto, evita ao máximo fazer comentários polêmicos, pois entendeu que basta parecer normal para ter chances contra Trump. Tudo que o presidente quer é disputar com um dos maluquinhos democratas.

Se Biden for capaz de resistir à tentação de acenar para a militância extremista até 2020, evitando gafes bem ao seu gosto, então ele realmente será um candidato competitivo. Difícil será ele atravessar a campanha sem ter de acender velas para os loucos. Ninguém gosta de ser vaiado numa convenção do próprio partido, afinal. E para isso, como vimos, basta rejeitar uma proposta insana e impraticável. É nisso que se transformou o Partido Democrata de JFK…

Rodrigo Constantino

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