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Presidente volta a falar da Previdência (ufa!), que encontra maior resistência na elite do funcionalismo

O presidente Jair Bolsonaro voltou a usar seu Twitter para falar da reforma previdenciária, o que é música para os ouvidos sérios deste país, menos interessados em picuinhas das redes sociais e mais focados naquilo que pode colocar a economia na rota do crescimento para diminuir o desemprego, hoje acima de 12 milhões. Bolsonaro tuitou:

A Nova Previdência define a aposentadoria de políticos nos padrões do INSS, inclui militares e servidores, é mais justa, igualitária e preserva os direitos do trabalhador. Parlamentares têm a chance de fazer história participando deste processo que levará o Brasil à prosperidade!

Estima-se que com a aprovação da Nova Previdência serão criados 8 milhões de novos empregos formais, além de garantir os benefícios dos atuais aposentados e aliviar os mais pobres, que pagarão ainda menos do que pagam hoje. Mente quem diz que a proposta beneficia os mais ricos!

É disso que precisamos! E ainda é muito pouco. Bolsonaro precisa usar seu capital político, que se esvai após as eleições, para mobilizar sua militância em prol das reformas. Infelizmente, boa parte dessa turma está mais interessada em questões secundárias, “pequenininhas”,  que pouco ou nada acrescentam de fato ao Brasil. Enquanto isso… a resistência à reforma é grande e vem basicamente da elite do funcionalismo público, não dos pobres do povão, como mostra essa reportagem de Jéssica Sant’Ana, na Gazeta:

Quem vai vencer a batalha da comunicação em torno da reforma da Previdência que está em curso? Difícil apontar alguém agora, pois a proposta de emenda constitucional (PEC) tem ainda um longo caminho a trilhar até sua aprovação (ou rejeição). O fato é que o governo e a alta elite do funcionalismo público, posicionados em lados opostos, já apresentam suas armas para convencer a opinião públicas das vantagens e desvantagens de se mudar as regras de aposentadoria

De um lado, governistas e aliados dizem que corporações ligadas ao funcionalismo espalham ‘fake news’ sobre a reforma com o objetivo de manter seus privilégios. Do outro, servidores públicos falam em “confisco” e “desmonte da Previdência Social” e já estão organizados para atuar junto a deputados na apresentação de emendas que mudem substancialmente o texto da proposta.

O clima de guerra começou antes mesmo de o governo protocolar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) na Câmara. Integrantes da equipe econômica antecipavam que o texto ia combater privilégios, principalmente do funcionalismo público, que, em geral, se aposenta com benefícios bem mais altos do que o restante da população, que cai nas regras do INSS. 

Segundo dados da Secretaria Especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia, 66,5% do total de aposentados pelo INSS (iniciativa privada e aposentadoria rural) recebem um salário mínimo e 83,4% recebem menos de dois salários mínimos. Cálculo feito pela Gazeta do Povo mostra que menos de 0,1% ganha valor equivalente ao teto do regime, atualmente em R$ 5.839,45.

Já no setor público, o cenário é o oposto. Dados do relatório de Avaliação Atuarial do Regime Próprio de Previdência (RPPS) da União mostram que aposentados do Poder Legislativo recebem, em média, R$ 26.823,48 por mês. Depois, os maiores benefícios estão no Poder Judiciário Federal (média de R$ 18.065,40) e no Ministério Público da União (R$ 14.656,32). Por último, o Poder Executivo (R$ 8.477,59). Os dados são referentes ao ano de 2017. 

É a “fábrica de desigualdades” e a “máquina perversa de transferência de renda” tantas vezes citada pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, e que o governo vem falando em combater na reforma da Previdência. “Quem legisla e julga tem as maiores aposentadorias e a população, as menores”, disse em 2 de janeiro o ministro, ao assumir oficialmente a pasta.

Aqueles que recebem mais reagem, chamam a reforma de “confisco”, e mobilizam sua militância. A população precisa entender que se trata de uma luta para manter privilégios, pois só assim ficará do lado dos reformistas. Essa queda de braço entre narrativas é a grande batalha que vai definir o futuro do país. É essa a “guerra cultural” em curso, a mais relevante de todas. É alvissareiro ver o presidente, portanto, postando mais sobre as reformas, e menos sobre “golden shower” ou chamadas deturpadas contra jornalistas.

Todo governante se incomoda com a imprensa livre, em especial Bolsonaro com uma que demonstrou claramente ter um viés “progressista” e cobrir de forma injusta todo assunto sobre sua pessoa. Mas o teor dos ataques, compartilhando textos de sites obscuros de puxa-sacos, produziu reação negativa, pois soou como tentativa de desviar a atenção e declarar guerra à mídia como um todo.

Os militantes bolsonaristas estão com sangue nos olhos para essa batalha contra a imprensa, enquanto deveriam estar se mexendo para convencer os indecisos sobre a importância das reformas. Até porque boa parte da imprensa, mesmo com seu viés esquerdista, já se deu conta da necessidade das reformas. Será que os seguidores de Bolsonaro ainda não?

Rodrigo Constantino

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