Paulo Guedes anunciou que, se a reforma previdenciária for inferior a 800 bilhões de reais, daqui a alguns meses abandona o governo, pega um avião e vai morar no exterior. Ele disse para a Veja:
“Eu não sou irresponsável. Eu não sou inconsequente. Ah, não aprovou a reforma, vou embora no dia seguinte. Agora, posso perfeitamente dizer assim: ‘Olha, já fiz o que tinha de ser feito. Não estou com vontade de ficar, vou dar uns meses, justamente para não criar problemas, mas não dá para permanecer no cargo’. Se só eu quero a reforma, vou embora para casa. Se eu sentir que o presidente não quer a reforma, a mídia está a fim só de bagunçar, a oposição quer tumultuar, explodir e correr o risco de ter um confronto sério… pego o avião e vou morar lá fora.”
Janaina Paschoal comentou: “É isso que eu estou tentando dizer, com outras palavras. Temos um Ministério de ponta, sendo desperdiçado. É muito triste”.
O Brasil cansa. Temos grupos de interesses organizados lutando para boicotar a reforma, pois pretendem manter privilégios do setor público. Temos a esquerda, que está sempre contra o Brasil mesmo, por ideologia e safadeza. Temos os reacionários, que acham mais importante focar no “Golden Shower” e xingar de traidor qualquer liberal ou conservador que discorde de seus métodos radicais, em vez de trabalhar para unir em prol das pautas prioritárias. É muita gente conspirando contra o país!
Enquanto isso, gente como Paulo Guedes e Salim Mattar, que poderiam estar em qualquer lugar do mundo usufruindo de sua fortuna, trabalham pesado para fazer o Brasil avançar, num espírito público de tirar o chapéu. São os heróis de que o país tanto precisa, mas não necessariamente merece, para parafrasear o comissário Gordon em Batman.
Se ao menos o próprio presidente demonstrasse estar realmente comprometido com a pauta de Guedes mais do que com as balbúrdias desnecessárias criadas por seus filhos e seu guru, talvez o Brasil tivesse jeito. Mas pelo andar da carruagem, e com essa aposta de que o caminho é “faca no pescoço” do Congresso num discurso antipolítica, talvez percamos a melhor oportunidade dos últimos tempos.
Será, meu Deus!, que Roberto Campos foi mesmo profético quando disse que não corremos o menor risco de dar certo?
Rodrigo Constantino
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