Já foi o partido do católico anticomunista e defensor de redução de impostos JFK, que tentou tirar Fidel Castro do poder. Depois, foi se radicalizando à esquerda até chegar a Obama, um populista que expandiu o papel do estado, usou de forma pouco republicana as instituições, teve fraco desempenho econômico, viu aumentar muito a quantidade de gente dependendo de “food stamps” e intensificou a divisão racial no país.
Não obstante, Obama é praticamente um moderado perto dos herdeiros ideológicos de hoje. O Partido Democrata realizou o primeiro debate com os pré-candidatos de 2020. São mais de vinte! E a coisa virou um show de horrores, um circo de extremismo, uma palhaçada de gente sem qualquer noção ou elo com a população de carne e osso do país.
Em sua primeira resposta, Beto O’Rourke, um produto da mídia que investe pesado em sua imagem de descolado rebelde e que perdeu a eleição do Senado para Ted Cruz, iniciou a fala… em espanhol! Isso mesmo! A cara dos companheiros é impagável, em especial a de Cory Booker (mas pelo motivo errado: ele mesmo queria ser o primeiro a usar essa péssima tática, o que fez depois sem o efeito surpresa).
O sujeito quer ser presidente da América e começa a resposta falando em espanhol, só porque estava em Miami! Isso deve ter conquistado vários votos em Ohio ou Michigan, certamente… Mas em que pese o erro da estratégia, o importante é seu simbolismo: essa turma despreza a América, quer escancarar ainda mais as fronteiras, liberar geral a entrada dos mexicanos ilegais, de refugiados muçulmanos.
Além da bandeira da imigração sem controles, que é rechaçada pela imensa maioria da população, os democratas flertam abertamente com o socialismo. Na saúde, o Obamacare já é visto como tímido demais. A disputa é para ver quem vai partir mais rápido para um sistema estatal coletivista único, ainda que isso signifique a imposição do término de quase 180 milhões de planos privados de saúde! Algo como 70% da população tem seguro privado. Devem estar adorando as promessas democratas…
Imigração, socialismo na saúde, e o que mais? Impostos mais altos, outra bandeira que deve ser música para os ouvidos dos americanos. E aborto. Muito aborto! Aborto sem freios, financiado pelo governo federal, pois os estados têm aprovado leis restritivas e isso é inaceitável. Aborto tardio, porque não importa a fase da gestação, é sempre uma decisão da mulher e ponto final, como se não houvesse outra vida humana ali.
É nisso que o Partido Democrata se transformou: de uma visão de centro-esquerda para uma revolucionária socialista. Por isso que o velho Joe Biden, mesmo com suas gafes, mesmo cheirando o cabelo das mulheres, mesmo acusado agora de racista por razões absurdas, lidera a corrida com cerca de 40% das intenções de voto. Basta parecer normal em meio a tanto doido. Basta se vender como mais moderado em meio a tanto radical.
A base democrata é bem mais moderada do que suas novas lideranças e seus militantes, que ganham todo o espaço da mídia, porque os “jornalistas” também são igualmente extremistas. Ao falar para essa bolha “progressista” e ignorar o grosso da população, esses pré-candidatos estão dando um tiro no pé. Essas pautas não são aquelas que a população americana deseja. Confundir Iowa com Hollywood pode ser um erro fatal em política.
Bill de Blasio, um socialista admirador de Fidel Castro, chegou a usar a expressão famosa do assassino Che Guevara, Hasta la victoria siempre. Ele estava em Miami, vamos lembrar, estado que abriga inúmeros exilados do regime opressor cubano. Sob pressão, teve de se desculpar depois, alegando ignorância, afirmando que não sabia a origem da frase. Sabia sim. E admira esses comunistas genocidas. A cara democrata novaiorquina. Eis aí o novo Partido Democrata. Virou o PSOL americano.
Rodrigo Constantino