“O Enem é uma tortura legalizada pelo Ministério da Educação.” – Leandro Narloch
O presidente eleito Jair Bolsonaro tem montado, até aqui, um time técnico de ministros, com ênfase na meritocracia em vez da politicagem. Paulo Guedes, Sergio Moro e Marcos Pontes atestam essa mudança de postura. Ainda faltam várias pastas, e espera-se que o critério de escolha siga coerente a esta guinada. Um dos ministérios que mais precisam de mudanças é justamente o de Educação.
O relacionamento entre estado e ensino é o pior possível. Nossas escolas e universidades públicas são antros não só de doutrinação ideológica, como também de baderna, falta de disciplina, terra sem lei. O “patrono” da nossa educação é ninguém menos do que Paulo Freire, um comunista defensor dos piores tiranos que levou a luta de classes marxista para dentro da sala de aula.
A agenda dos nossos pedagogos é toda tirada dos manuais internacionais dominados por esquerdistas revolucionários. Mesmo institutos tidos como sérios, que tentam fazer um trabalho decente pela nossa educação, acabam bebendo dessas fontes globalistas, já devidamente denunciadas pelo francês Pascal Bernardin em Maquiavel Pedagogo, que já resenhei aqui.
Todos falam da importância da educação, mas poucos questionam: qual educação? Foi justamente o desafio que aceitei para uma palestra no Fórum da Liberdade. Desnecessário dizer que o esforço de mudança será homérico, já que a situação atual é simplesmente caótica. O futuro ministro da Educação terá praticamente que reverter tudo existente hoje, e trabalhar no sentido de esvaziar o poder do próprio MEC.
O ministro da Educação deve liderar a descentralização e federalização da Educação de primeiro e segundo graus para estados e municípios, acabar com o currículo único e permitir uma variedade maior de currículos, facilitar o surgimento de mais escolas a nível municipal, que podem atuar como as “charter schools” aqui nos Estados Unidos. A defesa dos “vouchers” também é um bom caminho, como o respeito pela opção do “homeschooling”.
Pré-requisito básico para o próximo ministro é que não seja globalista e que se comprometa a combater a doutrinação ideológica nas escolas e universidades. Alguém capaz de implementar essa reengenharia que vai de fato esvaziar o próprio Ministério da Educação, que hoje interfere demais da conta no ensino nacional. Não precisa ser um professor, nem mesmo um acadêmico. Talvez seja melhor que venha de fora, já que esse meio está muito contaminado.
As escolas e universidades devem ser locais com disciplina para quem realmente quer aprender, com segurança para quem ousa pensar diferente e desafiar o status quo ou o mainstream, ambientes com verdadeira pluralidade de pensamento e onde os alunos entram em contato com os clássicos, que não são clássicos por nada.
É preciso declarar guerra a essa pornografia indecente disfarçada de “educação sexual”, à doutrinação ideológica marxista, à ideologia de gênero e à bagunça generalizada confundida com “liberdade”, e voltar a ensinar o básico, e formar pensadores independentes e curiosos pelo saber. As universidades se transformaram em cabides de emprego para socialistas, e consomem perto de 100% do orçamento só com salários e benefícios. Isso tem que mudar!
O futuro ministro pode aprender algo da experiência de países como Finlândia, Polônia e Coreia, mas deve lembrar que tais modelos não são facilmente replicados e que o Brasil possui suas peculiaridades. Leitura obrigatória para o ministro, além de Maquiavel Pedagogo, é A corrupção da inteligência, de Flavio Gordon, para ele ter uma ideia do que vai enfrentar, de quem é o inimigo.
Recomendo, ainda, o livro Repensar a Educação, de Inger Enkvist, cujo prefácio da edição brasileira tive a honra de escrever. Mostra bem o resultado nefasto das novas tendências pedagógicas no mundo, e faz uma eloquente defesa da educação clássica, que ajuda no amadurecimento dos indivíduos. Várias são as origens do problema apontadas pela autora. O romantismo nos moldes de Rousseau, que encara a criança como “pura” e a civilização como corrompida; o construtivismo, que delega ao próprio aluno a busca do saber e confunde aprendizado com diversão; o relativismo, que nega o próprio conhecimento objetivo e a possibilidade de alcançar verdades; o igualitarismo, que rejeita a realidade de que somos desiguais em nossas habilidades e capacidades; o multiculturalismo, que é o relativismo estendido às culturas, impedindo a valorização das próprias tradições; etc.
Enkvist fulmina: “A escola já não ajuda os incultos a tornarem-se cultos, mas faz com que acreditem que são cultos. A diferença entre o inculto de antes e o de hoje se baseia no fato de que o primeiro sabia que não era culto. Agora se trata de bajular o inculto”. Ao destruir a tradição, o estoque acumulado de conhecimento objetivo, os clássicos, a educação moderna contribui para a destruição da própria cultura. E faz isso em nome da “democratização” do ensino, o que é pior.
Enfim, a principal guerra é cultural, e só quando esta for vencida a política será realmente diferente. Mas para vencer a guerra cultural contra os globalistas de esquerda será necessário usar a política. É a oportunidade que existe agora, com Bolsonaro no poder, alguém que entende perfeitamente o estrago causado pela ideologia marxista em nossas escolas e universidades. Que ele escolha um nome bom para encabeçar essa batalha crucial pelo futuro do Brasil.
Rodrigo Constantino