A produção industrial de dezembro, divulgada hoje, despencou 3,5%, bem abaixo de todas as expectativas do mercado. A pesquisa da Bloomberg com analistas tinha mediana de -1,7%, mínima de -2,5% e máxima de
-0,8%. É a 2ª queda seguida na comparação mensal e o maior resultado negativo da série desde dezembro de 2008. Ano contra ano, representa uma queda de 2,3%.
O setor de veículos automotores teve queda de 17,5% no mês, e foi a “influência negativa mais relevante”, “pressionada principalmente pela concessão de férias coletivas em várias empresas do setor”, diz IBGE em comunicado divulgado no Rio. Além disso, a balança comercial, divulgada ontem, apresentou o pior déficit de sua história para janeiro.
O modelo nacional-desenvolvimentista do governo Dilma é o maior responsável por este quadro. Com fortes estímulos ao consumo, principalmente calcado em crédito sem lastro, e com bolsas (esmolas) estatais para muitos, o nível de emprego se encontra pressionado, e a indústria perde competitividade. As importações aumentam, especialmente de bens de consumo.
O “Custo Brasil” não foi reduzido, pois o governo do PT não realizou reformas estruturais e nem investiu em infraestrutura o que deveria. A produtividade da indústria está praticamente estagnada. Alguns analistas ligados ao governo preferem culpar a taxa de câmbio, em vez de reconhecer os entraves estruturais, como a alta carga tributária, a burocracia asfixiante, as leis trabalhistas obsoletas, a infraestrutura capenga e a mão de obra pouco qualificada.
Para piorar a situação, a taxa de juros básica está subindo, atrasada, pois a inflação se mantém elevada e acima da meta, por negligência do Banco Central sem autonomia e por conta de gastos públicos crescentes. Alguns empresários, como Benjamin Steinbruch, da CSN, passaram o ano todo de 2013 aplaudindo as medidas expansionistas de Dilma e ridicularizando os críticos que alertavam para o risco inflacionário. O resultado está aí, e a própria CSN já amargura uma queda em bolsa de 26% só este ano!
A indústria sofre as consequências de um governo que só mirou no consumo imediato, para obter mais votos. Precisa competir com chineses, americanos e japoneses, entre outros, sob o enorme peso do “Custo Brasil”. A taxa de juros e a taxa de câmbio são sintomas dos problemas, não suas causas. O erro de foco do governo Dilma e de parcela da própria indústria, com visão míope, vai custar caro ao país. A conta apenas começou a chegar…
Rodrigo Constantino
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