Em mais uma audiência pública da comissão especial da Câmara dos Deputados com o objetivo de discutir o projeto de lei da Escola sem Partido (PL 7180/14 e apensados), o professor do Departamento de Psicologia da Universidade Federal de Minas Gerais Vitor Geraldi Haase relatou que a proposta o fez repensar sua conduta em sala de aula.
“Às vezes, eu tinha uma certa liberdade de fazer comentários políticos em função das minhas posições, que são conservadoras, e, quando surgiu essa iniciativa, eu comecei a ver e me dei conta que aquilo não era certo”, disse Haase.
“Que ali, na sala de aula, a gente tem uma audiência cativa e que os alunos não têm a opção de não me ouvir. Para mim, foi uma experiência muito importante como professor, e entender isso, de que eu posso me manifestar como cidadão no Facebook, por exemplo, mas que eu não tenho o direito de fazer isso na sala da aula”, destacou.
A página oficial do ESP divulgou a notícia, dando os parabéns ao professor por sua postura. Com esse tipo de reação, e também com a condenação pelo ocorrido numa escola do Amazonas envolvendo Jair Bolsonaro, fica claro que o projeto é totalmente apartidário e sem ideologias, derrubando a principal crítica que muitos faziam a ele, especialmente à esquerda.
É preciso ser contra qualquer tentativa de substituir ensino por ideologia, debate aberto por idolatria e liberdade do aluno por partidarismo do professor. Não é para isso que existem as escolas, e não é essa a função do professor. Agora que está claro que o ESP não tem lado, à exceção do lado do aluno, ficou mais complicado a postura da esquerda diante do projeto. Como apontou o site O Reacionário, comentando sobre o episódio do Amazonas:
Miguel Nagib confirmou aqui a mesma postura defendida em várias ocasiões, como na entrevista concedida ao programa “The Noite” de Danilo Gentili. O programa não se trata de defender escola de Direita ou obstruir a liberdade de expressão. Tanto que a impostura demonstrada no vídeo não se dá pelo convite da turma ao deputado, mas sim pelo fato de contar com a participação de quem não pode misturar militância política com o exercício do serviço público. É evidente que os PMs não poderiam tomar parte no vídeo, que sequer deveria ter sido gravado nas dependências da escola. Se o convite ao deputado foi espontâneo ou não, a participação dos PMs no vídeo coloca a desconfiança. Sugere coerção, indução ou manipulação. Não restou a Nagib outra postura ética que não o repúdio ao vídeo.
Ocorre que a opção pela ética e princípios defendidos pelo Escola Sem Partido praticamente implodiu alguns dos principais argumentos utilizados contra o projeto, que seriam o suposto favorecimento da Direita e perseguição contra professores de esquerda. Nagib não só provou que não, como conseguiu provar para a sociedade a necessidade de impedir o assédio ideológico de qualquer natureza em escolas públicas. De agora em diante, os defensores da doutrinação terão que admitir que defendem a imposição e coerção que o projeto pretende evitar. Não poderão mais criar espantalhos contra o movimento, visto que os próprios validaram os argumentos do Escola Sem Partido. Órgãos apinhados de extremistas de esquerda como OAB e instâncias dos direitos humanos terão que escolher qual caminho seguir: ou validam o Escola Sem Partido ou absolvem os PMs do Amazonas de qualquer responsabilidade ou assédio ideológico. Logo eles, que cinicamente acusam o projeto e o movimento de “fascistas” e que só estão reclamando porque a doutrinação não se deu pelo espectro costumeiro. A saída para eles é uma só: assumir publicamente que são fascistas e que defendem o abuso ideológico de crianças e jovens em ambiente escolar.
A linha de raciocínio está perfeita: não dá para condenar a postura dos policiais na escola e o projeto Escola Sem Partido ao mesmo tempo, ao menos não sem deixar evidente para todos que o problema não está na doutrinação, no abuso de poder e na transformação de alunos em militantes, mas sim nisso tudo voltado para a direita em vez de para a esquerda.
Todo professor de verdade perceberá que o projeto está certo ao lembrar de seus limites como docente, da audiência cativa, da função que exerce. Já o militante disfarçado de professor ficará revoltado, pois quer usar esse instrumento para “fazer cabeças”, para criar novos ativistas e militantes, para conquistar votos para o seu partido ou candidato, o que é não só imoral, como também ilegal. Seja de qual lado for!
Rodrigo Constantino
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