A Ancine sempre foi um antro comunista. A produção cinematográfica nacional é tomada pela esquerda, e para ter acesso às benesses estatais ou para simplesmente sobreviver nesse meio, faz-se necessário sucumbir à pressão dos poderosos, que são todos socialistas. É um fenômeno análogo ao que ocorre nas universidades: a patota esquerdista comanda o show, e se você sonha com sua ascensão na carreira, precisa dançar de acordo com a música, virar um simpatizante marxista.
Todos aqueles mais atentos que acompanham a política sabem disso. Mas é sempre bom ver a denúncia saindo de dentro, do meio, de quem vive isso na pele em seu cotidiano. E o cineasta Josias Teófilo, que dirigiu o documentário “O Jardim das Aflições”, sobre Olavo de Carvalho, resolveu colocar a boca no trombone após sofrer todo tipo de boicote e censura de seus pares, mas ter o reconhecimento daquele que interessa: do estimado público.
Para Teófilo, o sucesso de bilheteria do seu filme tem ligação justamente com o excesso de tempo em que essa parte do público foi ignorada pela patota da elite do cinema brasileiro. Aconteceu o mesmo no mercado editorial, e o editor Carlos Andreazza, da Record, soube explorar bem essa demanda reprimida, trazendo visões alternativas e enriquecendo a pluralidade no setor. O sucesso foi inegável. Em artigo publicado hoje na Folha, Teófilo ataca o fechamento ideológico de seu setor:
Desde quando resolvi fazer o documentário “O Jardim das Aflições”, um retrato do pensamento e do cotidiano do filósofo Olavo de Carvalho, vi-me numa trama típica do Brasil dos anos 2010, em que se busca politizar tudo.
A esquerda, desde os anos 1960, especializou-se em fazer retórica política no cinema. “De todas as artes, o cinema é a mais importante”, dizia Lênin. Hoje os esquemas da retórica socialista, da luta de classes até o discurso atualizado de opressão das minorias, tornaram-se o único terreno possível. Quem se opuser a isso frontalmente vai viver o mesmo que eu vivi.
Vi profissionais se recusarem a trabalhar no meu filme ou pedirem para não serem creditados, com medo de represálias da classe. Outros tentaram de todas as formas convencer profissionais a não trabalhar no documentário.
[…]
Reforço apenas que se trata de um sintoma da condição doentia do establishment cinematográfico nacional ligado à esquerda socialista.
O cinema brasileiro é como uma casa fechada há três décadas. Quase tudo está mofado e podre. É preciso abrir as janelas e deixar o ar entrar.
Poucos saíram em sua defesa. A classe falante de sua cidade, diz, continuou muda, complacente à tentativa de censura. O cineasta virou um “leproso”, alguém a ser evitado no meio. Em compensação, desabafa, o público lotava todas as sessões do filme. Qual a explicação para isso? Ele pergunta, e ele responde: “Esse é um público que foi ignorado por décadas no cinema brasileiro, por pura limitação ideológica”.
Não vi o filme ainda, mas não é esse o ponto importante aqui. O relevante é mostrar como a esquerda, ao criar um feudo socialista dentro do cinema nacional, usurpou do público o direito ao contraditório, tentou impor uma visão única de mundo, limitada, ideológica. Politizou tudo, pois enxerga, como o guru Lenin, a arte como um simples meio para transformar o mundo, para atingir seus fins ideológicos. É puro proselitismo. E quem não joga o jogo será punido.
Até hoje, ao menos, foi assim. Mas agora há ventos de mudança. Agora temos as redes sociais, e gente disposta a reagir. O resultado está aí: o ódio dos pares, da patota no comando do show (e das verbas estatais), mas o reconhecimento do público. E quem faz arte para crítico ou para camaradas ideológicos não faz arte, e sim propaganda ou bajulação. O foco deve ser sempre o público mesmo. Esse não quer saber de doutrinação ideológica nos filmes ou nas novelas…
Rodrigo Constantino
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