A Oi acaba de entrar com pedido de recuperação judicial na Justiça do Rio, conforme antecipado pelo colunista do GLOBO, Lauro Jardim. A ação foi distribuída na 7ª Vara Empresarial. Em comunicado ao mercado, a Oi informou que o total de dívida nas mãos dos credores soma R$ 65,4 bilhões. Trata-se do maior pedido de recuperação judicial já registrado no país. Até então, o processo da Sete Brasil (R$ 19,3 bilhões), seguida da OGX (R$ 12 bilhões), petroleira de Eike Batista, era considerado o maior.
Em comunicado ao mercado, a Oi diz que tomou a decisão de pedir proteção contra credores em razão do cronograma de vencimento de dívidas e das ameaças ao caixa das empresas do grupo, que incluem risco iminente de penhoras ou bloqueios em processos judiciais.
A situação da operadora de telefonia fixa, que tem concessão do serviço em todos os estados do país, exceto São Paulo se agravou nos últimos meses. Na sexta-feira, a empresa informou que havia chegado a um impasse na negociação junto aos donos de bônus, que respondem por quase 70% da dívida. No mesmo dia, ela publicou na internet uma série de documentos que mostravam os termos oferecidos aos credores.
O que os 6 maiores pedidos de recuperação judicial têm em comum? Ganhou uma mariola mordida quem disse “forte ligação com o governo”. A Sete Brasil foi uma criação artificial, numa área em que o Brasil não tinha vantagens competitivas, por puro nacionalismo ideológico e oportunismo corrupto do governo petista. As sondas da Petrobras seriam fabricadas no Brasil, gerando empregos e renda. A política do conteúdo nacional, tão criticada por liberais como eu. Resultado? Bancarrota, tanto da fornecedora como da própria Petrobras.
A OGX e a OSX pertenciam ao conglomerado de Eike Batista, o “empresário do PT”, aquele que levou mais de R$ 10 bilhões subsidiados do BNDES em sua política de seleção dos “campeões nacionais”. Eis aí o “campeão nacional”: quebrou. Como a OAS, empreiteira que ninguém conhecia e, quase da noite para o dia, ficou gigantesca. O motivo? Proximidade com o PT, e agora Léo Pinheiro está prestes a entregar a cabeça do camarada Lula à Lava-Jato.
O mesmo ocorreu com o grupo Schahin, que acertou “empréstimos” milionários ao PT e que, segundo um dos donos, “asfixiava” a empresa. O empresário Salim Schahin também fechou acordo de delação premiada com a Lava-Jato. Um a um, os grandes “companheiros” do PT, que cresceram exponencialmente nos últimos anos, foram à lona.
E o caso mais emblemático é, sem dúvida, a Oi. Quem lembra do desejo megalomaníaco de Lula e do PT de recriar uma supertele nacional, resgatar o que havia sido “perdido” com a privatização da Telebrás? Pois é: foi a Oi que fez de Lulinha um milionário, lembram? O rapaz era um “zé ninguém” e ganhou milhões da noite para o dia, graças à Oi. O papai presidente teve até de mudar a Lei Geral de Telecomunicações para permitir que a empresa comprasse a Brasil Telecom. Reinaldo Azevedo resumiu bem o caso de “amor” entre Oi e PT.
O BNDES petista, sob o comando de Luciano Coutinho (por onde anda? não está sendo investigado?), não criou “campeões nacionais”, e sim “perdedores nacionais“. Para engrossar o coro só falta mesmo o grupo JBS, dos irmãos Wesley e Joesley Batista. O resto todo faliu, junto do próprio PT. É o símbolo de uma era vergonhosa, que levou o já existente “capitalismo de laços” a um novo patamar de indecência. A lição mais importante que deveria ficar é essa: foi um partido de esquerda o responsável por isso.
Está na hora de o brasileiro compreender que o liberalismo não tem nada a ver com essa simbiose entre governo e grandes grupos. Os liberais pregam o livre mercado, não o intervencionismo “clarividente” dos burocratas e políticos que definem o futuro de setores inteiros numa canetada “mágica”. Nós, liberais, sabemos que o resultado dessas políticas é sempre o mesmo: esse que estamos vendo agora, a falência generalizada e muita corrupção.
A esquerda, porém, não desiste. Basta ver Ciro Gomes, que tenta ocupar o vácuo deixado pelo PT, falando em nacionalismo e intervenção estatal para salvar nossa indústria. Não entendeu nada o coronelzinho nordestino! Pretende uma reedição do lulopetismo, só que com nova embalagem. O resultado, claro, seria o mesmo: mais ondas de bancarrotas gigantescas e infindáveis casos de corrupção, enquanto a indústria segue em frangalhos.
A saída é uma só: liberalismo! Não cabe ao governo escolher “campeões”, decidir que indústrias devem ser reativadas, impor conteúdo nacional às empresas, criar barreiras protecionistas ou conceder subsídios bilionários. Cabe ao governo apenas manter as regras do jogo e permitir a livre concorrência. Mas vai explicar isso para quem ainda acha que privatizar a Telebrás foi algo ruim…
Rodrigo Constantino
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