O PT deixa, até aqui (e espera-se que acabe este ano o estrago), uma enorme “herança maldita” ao país. Economia em frangalhos, inflação saindo de controle, corrupção escancarada, etc. Mas talvez a maior delas seja esse clima de total divisão da população entre “nós e eles”, entre “bons e maus”, “pobres e ricos”, “trabalhadores e patrões”, “mulheres e homens”, “negros e brancos”, “gays e heterossexuais”. Isso produz um efeito perverso a longo prazo.
Não poderia ser diferente no campo. Em sua coluna de hoje no Estadão, o agrônomo Xico Graziano toca no assunto, mostrando como o PT trouxe para o meio rural essa divisão artificial que prejudica o país. O objetivo petista tem sido jogar uns contra os outros, como se a produção “familiar” fosse vítima e os grandes produtores rurais os vilões. Logo no começo, ele diz:
O teatro separatista, mais uma vez, repetiu-se no campo. Na primeira cena, o governo anuncia o Plano Agrícola e Pecuário para a “agricultura empresarial”. Passado alguns dias, divulga o Plano Safra da “agricultura familiar”. Belos discursos, amoldados para cada evento, animam uma trama típica do maniqueísmo político. Um país, duas agriculturas.
O Brasil é a única nação importante do mundo que separa a sua agropecuária em dois lados: o do “agronegócio” e o “familiar”. Uma política que deveria reforçar a ação pública em favor dos pequenos produtores no campo, desgraçadamente, serve ao modo de governar que distingue a sociedade entre “nós” e “eles”. Ou, pior, entre os “bons” e os “maus”. Dividir para reinar, ensinava Maquiavel.
O agronegócio tem sido o salvador da Pátria nessa economia enfraquecida, por culpa do próprio governo. Salva o dia apesar do governo, não por causa dele. O papel do governo tem sido criar obstáculos, fomentar a disputa no campo, estimular “movimentos sociais” criminosos, e tratar os produtores rurais como inimigos do clima e da nação. Isso é resultado direto de uma estratégia ideológica do PT:
Ao mudar o governo, de Fernando Henrique Cardoso para Lula, a gestão da agricultura brasileira acabou separada em dois ministérios. A partir de então, o conceito de “agricultura familiar” começou a ser totalmente deformado, passando a significar os “pobres” no campo, em oposição aos “ricos”, aglutinados no “agronegócio”. Jamais, em tempo algum, se produziu tamanha bobagem no pensamento agrário. Mera, e retrógrada, ideologia.
Jogar agricultores “familiares” contra os “patronais” não é solução para nada no campo, e atende apenas a interesses políticos de grupos oportunistas. Em vez de integrar os trabalhadores “ao ciclo do progresso tecnológico no campo”, as medidas de “reforma agrária” do PT têm apenas criado “favelas rurais” dependentes de esmolas estatais e mais conflito, como se pode perceber com o movimento indígena.
A verdadeira solução para os problemas ainda existentes no campo é tirar o PT do poder. Caso contrário, a manutenção dessa tática maquiavélica irá apenas incitar cada vez mais conflitos, prejudicando justamente o setor que tem sido a locomotiva de nossa economia, por contar com grandes vantagens comparativas naturais. Mas o que a natureza nos deu, o PT pode facilmente destruir…
Rodrigo Constantino